Expulso dos EUA, embaixador da África do Sul é ovacionado na volta para casa

Ebrahim Rasool, embaixador sul-africano nos EUA. Imagem: Cliff Owen / AP

O embaixador sul-africano nos Estados Unidos, Ebrahim Rasool, expulso de Washington pelo governo de Donald Trump, e recebido com entusiasmo por centenas de apoiadores ao desembarcar na Cidade do Cabo, neste domingo (23). Com informações do G1.

Declarado “persona non grata” pelo governo americano, ele teve 72 horas para deixar o país. A medida foi tomada após Rasool supostamente acusar Donald Trump de liderar um movimento de supremacia branca, conforme reportado pelo site Breitbart, alinhado ao ex-presidente. O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o diplomata era “um político racista que odeia os EUA e Trump”.

No aeroporto, Rasool discursou para a multidão, dizendo que sua expulsão “buscava humilhá-lo”, mas que o apoio popular transformava o episódio em um “distintivo de dignidade”. Ele afirmou que não voltou por escolha própria, mas sem arrependimentos, e destacou que a África do Sul não cederá à pressão americana para abandonar sua denúncia contra Israel por genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ). Segundo Trump, essa ação reforça uma “postura antiamericana” do país africano.

As tensões entre Washington e Pretória aumentaram desde o retorno de Trump ao poder, especialmente após o corte de assistência financeira dos EUA à África do Sul, em fevereiro. O governo americano acusa o país de discriminar brancos ao desapropriar terras de fazendeiros para redistribuí-las à população negra.

Atualmente, 75% das terras agrícolas pertencem a descendentes de colonos europeus, enquanto os negros representam 80% da população. O bilionário Elon Musk chamou a política agrária sul-africana de “racista”.

A presidência da África do Sul classificou a expulsão de Rasool como “lamentável”, enquanto o ministro das Relações Exteriores considerou o ato “sem precedentes”. Segundo ele, antes da decisão, os EUA deveriam ter solicitado esclarecimentos ao embaixador. Para Pretória, Washington tem usado a crise diplomática como pretexto para pressionar o país a rever sua posição geopolítica e suas relações internacionais.

Rasool reforçou que sua nação não é inimiga dos EUA, mas que também não abrirá mão de seus interesses para agradar Washington. Ele destacou que a África do Sul seguirá sua política externa de forma independente, sem se submeter a imposições externas. “Não somos contra os EUA, mas também não jogaremos fora nossas convicções para agradá-los”, declarou o diplomata.

A crise segue sem perspectivas de resolução imediata, e as relações entre os dois países se tornam cada vez mais instáveis. A postura firme da África do Sul sugere que o governo não cederá à pressão de Washington, enquanto Trump, conhecido por sua retórica agressiva, não deve recuar em suas críticas.

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