Repórteres da Folha são vítimas de ataques e ameaças por cobertura do 8 de janeiro

As repórteres Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, da Folha de S.Paulo, estão desde a semana passada recebendo diversos ataques e ameaças nas redes sociais em decorrência do trabalho de cobertura feito por elas sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

Gabriela, repórter fotográfica da Folha, e Thaísa, que atua em Brasília, produziram reportagens sobre os presos após os atentados. Os ataques tiveram início após um perfil no X (ex-Twitter) insinuar que as duas profissionais seriam as responsáveis pela prisão de Débora dos Santos Rodrigues, mulher que pichou a estátua A Justiça com a frase “Perdeu, mané”. O caso está sendo julgado pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e Débora, se condenada, pode pegar 14 anos de prisão.

Diversos perfis em diferentes redes sociais enviaram às jornalistas ataques e ameaças, incluindo de violência física e de morte. Familiares de Gabriela e Thaísa também foram ameaçados. Os ataques incluem ainda vazamento de informações pessoais das profissionais. Além disso, os perfis afirmam que as jornalistas enviaram dados pessoais sobre a autora da pichação ao STF, o que é mentira.

Gabriela e Thaísa registraram Boletim de Ocorrência e o departamento jurídico da Folha está acompanhando o caso. Entidades defensoras da liberdade de imprensa como Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo (Arfoc) e Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram o caso.

A Abraji classificou as ameaças às jornalistas como uma “ação coordenada de ofensas pessoais, exposição de dados pessoais e ameaças de violência física e morte, difundidas pelas redes sociais com o claro intuito não só de atacar as duas profissionais como também de silenciar o trabalho da imprensa. Não é papel do jornalista julgar ou condenar, tampouco se omitir diante de informações relevantes para a sociedade”.

A Arfoc escreveu que, “em um momento em que a liberdade de imprensa e o direito à informação estão sendo ameaçados, é inaceitável que profissionais da comunicação sejam alvo de ataques por exercerem sua função com seriedade e compromisso com a verdade”.

A ANJ declarou que o caso faz parte de um “método mafioso que está chegando ao Brasil. É preocupante isso porque visa exatamente intimidar a investigação, destruir reputações, destruir o patrimônio pessoal e profissional do jornalista para impedir que ele faça seu trabalho. É uma violência absurda, inaceitável”.

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