Mineradora soterra clandestinamente gruta e tem atividades paralisadas em MG

Imagens de drone mostram gruta na sexta-feira (21) e soterrada na madrugada de sábado (22). Foto: SBE/Divulgação

A mineradora Patrimônio Mineração soterrou durante a madrugada de sábado (22) uma gruta localizada na comunidade de Botafogo, em Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, após ser denunciada à Polícia Militar por moradores. Com informações do jornal O Tempo.

Devido aos danos “irreversíveis” à cavidade, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) embargou parcialmente as atividades da empresa nesta quarta-feira (26).

De acordo com a denúncia da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), imagens capturadas por drone na última sexta-feira (21) mostraram uma retroescavadeira avançando em direção à caverna. Apesar de ser registrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a estrutura natural teria sido omitida no relatório espeleológico da mineradora, que é exigido para o licenciamento ambiental da atividade.

Diante do risco iminente do patrimônio, moradores da comunidade e a arqueóloga Alenice Baeta procuraram a PM para formalizar a denúncia contra a mineradora.

“Contudo, durante a madrugada, as operações foram retomadas de maneira deliberada, culminando no soterramento da cavidade. Em 22 de março de 2025, a destruição foi confirmada por novos registros de drone”, disse a SBE.

“A destruição da gruta gerou ampla repercussão entre especialistas em espeleologia e ambientalistas, que questionam a ausência da cavidade no Relatório Espeleológico e a legalidade do licenciamento ambiental concedido à empresa”, acrescentou.

Foto mostra a gruta destruída pela mineradora. Foto: SBE/Divulgação

Em nota, a Semad informou que a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) constatou que a cavidade destruída não estava prevista nos estudos ambientais autorizados e que, após o licenciamento, a empresa não teria comunicado sua existência. A empresa foi multada por “impacto irreversível” na gruta e teve suas atividades embargadas em um raio de 250 metros ao redor da área afetada.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) afirmou que a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Ouro Preto acompanha desde fevereiro a situação envolvendo a mineradora na Serra de Botafogo.

“Ao verificar as atividades iniciais da Patrimônio Mineração às margens da BR-356, a Promotoria de Justiça de Ouro Preto, imediatamente, requisitou e está analisando cópia da Licença Ambiental obtida pelo empreendimento, para verificar a veracidade das informações passadas à Feam, órgão responsável pela liberação da licença, ou se houve eventual omissão, por parte da empresa, na apresentação dos estudos técnicos”, informou.

Membro da Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto (APAOP), o engenheiro civil e ativista ambiental Du Evangelista destacou que o município é muito importante para a região por seu potencial hídrico, principalmente por estar localizado na cabeceira de duas grandes bacias mineiras: dos rios Doce e das Velhas.

“O local onde está a serra de Botafogo é considerado o topo da cadeia de montanhas, onde a água infiltra e vai abastecer os lençóis freáticos. A região que está sendo afetada pelas mineradoras é uma zona de recarga de aquífero muito importante”, explicou.

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