Para despistar, os jornalões conversam com robôs. Por Moisés Mendes

Robô lendo jornal, representando a ligação da IA com a velha mídia. Reprodução

Essa chamada foi mantida pelo Globo na quarta e na quinta-feira na capa do jornal online: “Colocamos todas as falas de ministros e advogados para a IA analisar: o que ela descobriu?”

Pois esse é hoje o jornalismo da grande imprensa. Ao invés de mobilizar equipes para reportagens investigativas que acrescentem informações ao que se sabe do golpe e seus personagens, mas só por informações do sistema de Justiça, os jornalões ficam brincando com a inteligência artificial.

A inteligência artificial consultada pelo Globo só descobriu bobagens. As respostas dos robôs sobre os dois dias da sessão do STF não oferecem nenhuma contribuição ao jornalismoo. É o Globo atirando lixo para cima como se fosse informação.

É a contribuição de um veículo de imprensa para o que já foi definido como brain rot, o cérebro podre ou podridão cerebral. Só porcaria.

Chamada do Globo para matéria que analisou o julgamento com uso da IA. Reprodução

Por exemplo. O robô diz que, nos dois dias de apreciação da palavra ‘denúncia’, termo técnico usado para a peça da PGR que formaliza a acusação, foi citada 186 vezes, só atrás de ministro (392) e presidente (351)s denúncias da PGR, “o ministro Alexandre de Moraes, foi, com vantagem, o personagem que mais apareceu, falando por 157 minutos”.

Mil vezes eureca. É óbvio. Moraes é o relator do caso no STF, o centro do que acontece a partir de agora. Claro que, previsivelmente, falaria mais.

Tem mais essas: “A. Outros verbetes que fazem parte do glossário jurídico também apareceram com destaque, como federal, defesa, República e Supremo”.

Quanta inutilidade. É evidente que, se os ministros e os advogados de defesa dos acusados falavam sobre o recebimento ou não de denúncias da PGR, a palavra iria aparecer mais do que qualquer outra.

O Globo sabe que, se a consulta fosse sobre o jogo do Brasil com Argentina, a palavra que mais apareceria seria goleada.

É mais uma prova do fracasso do jornalismo da grande imprensa, que desde o golpe contra Dilma, em 2016, não produz uma linha que resulte do esforço de seus comandos e de suas equipes.

O Globo, a Folha e o Estadão comem pela mão de promotores, procuradores, juízes e outros envolvidos em investigações, mas são incapazes de oferecer algo além do que o sistema de Justiça oferece.

Se perguntassem aos robôs, eles diriam o que isso significa: preguiça, omissão, acomodação e decadência.

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