Silêncio dos democratas nos EUA abriu espaço para domínio republicano, diz Paulo Leme

STOCK PICKERS EP 264 PAULO LEME

Economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) por nove anos, presidente do Goldman Sachs no Brasil por quase quatro anos e, atualmente, professor residente de Finanças da Universidade de Miami e chairman do Comitê Global de Alocação de Ativos da XP Advisory, Paulo Leme avalia que a atual crise política dos Estados Unidos decorre diretamente da falta de protagonismo do Partido Democrata.

Em 2024, os democratas retiraram da disputa à Casa Branca, em meio ao páreo, o então presidente Joe Biden, após ele se mostrar confuso e frágil durante um debate eleitoral contra o republicano Donald Trump. No lugar de Biden, como candidata, assumiu sua vice-presidente Kamala Harris, que acabou sendo duramente derrotada por Trump, deixando os republicanos, inclusive, com o controle das duas casas legislativas americanas.

Para Paulo Leme, os democratas falharam em captar e responder às frustrações e desejos da população americana, abrindo espaço para o fortalecimento republicano liderado por Donald Trump. Segundo ele, é fundamental que o Partido Democrata abandone a postura de silêncio e assuma uma posição propositiva diante dos desafios dos EUA.

“O silêncio é uma postura. Você pode concordar através do silêncio. Ele (o partido democrata) não tem que estar vendido, ele tem que estar comprado em alguma ideia”, afirmou Leme, destacando que é urgente para os democratas oferecerem alternativas claras e viáveis à população, sobretudo dentro do contexto de inúmeras medidas questionáveis de Trump, em seus dois primeiros meses de mandado.

A degradação da imagem institucional americana

Leme ressalta o impacto negativo que o atual cenário político está gerando na imagem institucional dos Estados Unidos. Para ele, episódios recentes no Congresso americano demonstram uma postura inadequada. “Uma postura infantil, de ficar gritando, parece mercado emergente”, criticou, referindo-se ao comportamento dos congressistas republicanos durante discursos.

O economista também lamenta a perda da capacidade histórica dos EUA de negociar soluções políticas bipartidárias.

“Sempre havia uma capacidade, às três horas da manhã, de haver uma reconciliação, de chegar a um acordo… Não era o que você queria, não era o que o outro queria, mas algo que servisse melhor ao eleitor.”

A responsabilidade dos democratas pela crise atual

De acordo com Leme, os democratas têm uma parcela significativa de responsabilidade pela situação atual por terem falhado em compreender as necessidades e desejos da população.

“Estamos aqui (nesse momento político) porque os democratas não foram capazes de encontrar respostas e propor novas políticas para atender à maioria da população.”

Democratas falharam em captar as frustrações e desejos da população

Paulo Leme acredita que a ascensão republicana está diretamente ligada ao fato de os democratas não terem conseguido captar o sentimento de insatisfação e desesperança de boa parte da sociedade americana.

Ele compara a situação à lei física de Gay-Lussac, onde o espaço disponível será sempre completamente ocupado:

“Ao se omitir, você gera esse espaço que vai ser ocupado. Em política é que nem a lei de Gay-Lussac: os gases vão ocupar completamente o espaço. E o partido republicano ocupou 100% do volume, e os democratas se omitiram em detrimento do bem-estar político e econômico da população americana.”

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