Remake de “Vale Tudo”: a Globo e o desespero pela volta da audiência

Humberto Carrão (Afonso), Malu Galli (Celina), Débora Bloch (Odete Roitman) e Paolla Oliveira (Heleninha) no remake de Vale Tudo: nova novela das 21h estreia na segunda-feira (31). Foto: Divulgação/Globo

O remake de “Vale Tudo”, uma das novelas mais emblemáticas da história da televisão brasileira, estreia hoje na Globo como uma tentativa da emissora de reverter a perda de audiência que vem se acentuando com o avanço das plataformas de streaming, como Netflix, Amazon Prime e outras.

A trama original, que foi um marco na teledramaturgia nos anos 1980, agora ganha uma versão revisitada, mas o que se percebe é que a Globo está tentando, mais uma vez, capturar o público que cada vez mais se distanciou da programação linear em busca de conteúdos sob demanda.

Na década de 1980, “Vale Tudo” foi um fenômeno, mantendo altos índices de audiência e se tornando um exemplo claro do poder da Globo em moldar o entretenimento brasileiro. A novela abordava temas polêmicos como corrupção, ética e a busca pelo poder, com personagens icônicos que ainda fazem parte do imaginário popular, como a inesquecível Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall na versão original.

A vilã, que se tornou um dos maiores símbolos da teledramaturgia nacional, é agora interpretada por Débora Bloch, trazendo uma nova roupagem para essa personagem.

No entanto, com o avanço da tecnologia e a popularização das plataformas de streaming, a indústria televisiva passou por uma transformação. O consumo de conteúdo se deslocou para o digital, onde as séries e filmes oferecem mais liberdade ao espectador, além de uma qualidade de produção que rivaliza com a das grandes produções da TV.

O remake de “Vale Tudo” estreia em um momento de intensa competição no mercado audiovisual. A Globo enfrenta desafios inéditos com a ascensão de novas plataformas que oferecem produtos altamente competitivos, com roteiros envolventes, produções impecáveis e a conveniência de serem acessados a qualquer momento e de qualquer lugar.

A Netflix, em particular, se tornou uma referência global, com produções originais que atraem públicos de todo o mundo e colocam a TV tradicional em um cenário de perda de relevância.

O lançamento do remake de “Vale Tudo” é uma estratégia da Globo para recuperar o público e reconquistar sua audiência fiel. A escolha de revisitar uma novela de tanto apelo popular parece ser uma resposta direta ao novo cenário de consumo de conteúdo, onde as plataformas de streaming se tornam cada vez mais dominantes. A emissora aposta no fator nostálgico, acreditando que o público se sentirá atraído pela atualização de uma história que, no passado, marcou gerações. No entanto, essa estratégia pode não ser suficiente para enfrentar a verdadeira revolução que as plataformas digitais trouxeram ao mercado audiovisual.

Embora a trama tenha sido adaptada para os tempos atuais, ela ainda esbarra nas limitações da TV aberta, como horários fixos e interrupções comerciais, que contrastam com a liberdade de escolha e o formato on-demand oferecido pelas plataformas de streaming.

A novela, embora histórica, não é mais suficiente para enfrentar a crescente popularidade das plataformas de streaming, que não apenas oferecem mais opções de conteúdo, mas também uma experiência de consumo muito mais adaptada às necessidades do público moderno. Uma série como “Adolescência”, da Netflix, por exemplo, é inimaginável na Globo. Faltam criatividade e competência. “Vale Tudo” nasceu morta.

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