Órgão liderado por Elon Musk quer tirar COBOL do governo dos EUA às pressas

Liderado por Elon Musk, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) dos Estados Unidos quer migrar o complexo sistema de seguro social do país do COBOL para uma linguagem de programação mais moderna. Essa é uma tendência entre muitas organizações. O problema é que o DOGE pretende concluir esse trabalho em poucos meses, e isso pode ser perigoso.

É o que relata a Wired, que afirma ter entrevistado fontes próximas à Administração da Previdência Social (SSA). O órgão é responsável pelo Social Security, o sistema previdenciário dos Estados Unidos. Por ser uma entidade antiga, cuja fundação se deu em 1935, a SSA tem sistemas igualmente antigos, desenvolvidos predominantemente com COBOL.

O plano de migração estaria sendo liberado por Steve Davis, tido como braço direito de Elon Musk. Não é surpresa. O próprio Musk já deu declarações insinuando que há numerosas irregularidades na SSA, razão pela qual ele colocou pelo menos dez agentes do DOGE para se debruçar sobre os processos internos do órgão.

Por que migrar do COBOL pode ser perigoso?

O problema não é migrar do COBOL para uma linguagem de programação mais moderna, mas fazer esse trabalho com pressa, sem os cuidados necessários, que incluem testes exaustivos.

O COBOL é uma linguagem de programação que surgiu no final dos anos 1950. Por ter foco em aplicações complexas, ela foi empregada em soluções de vários tipos nas décadas seguintes, com destaque para sistemas bancários.

Mas, hoje, contamos com linguagens mais eficientes e seguras, razão pela qual a troca de sistemas em COBOL por elas tem sido cada vez comum.

Em 2017, a própria SSA iniciou um projeto de migração de linguagem, com previsão para conclusão em cinco anos. O problema é que a pandemia de COVID-19 forçou o órgão a paralisar esse projeto em 2020 para atender a outras prioridades.

O DOGE pretende retomar essa migração agora, mas não quer levar cinco anos para isso. Na verdade, o órgão liderado por Elon Musk quer concluir esse trabalho em alguns meses. É um enorme desafio, principalmente se levarmos em conta que os sistemas da SSA têm pelo menos 60 milhões de linhas de código em COBOL.

Um especialista ouvido pela Wired explica que, para tirar a SSA totalmente do COBOL em poucos meses, é possível que o DOGE tenha que recorrer à inteligência artificial generativa. Embora a IA já esteja sendo usada na programação, convém não confiar nesse tipo de tecnologia em sistemas complexos, pelo menos não neste momento.

Em linhas gerais, o temor é o de que a migração apressada cause problemas aos sistemas da SSA, o que poderia resultar em cidadãos americanos deixando de receber seus benefícios previdenciários ou os recebendo com valores incorretos, por exemplo.

Este é um ambiente mantido unido com arame e fita adesiva. Os líderes [do DOGE] precisam entender que estão lidando com um castelo de cartas ou Jenga [jogo de blocos de madeira]. Se eles começarem a retirar peças, o que disseram que já estão fazendo, as coisas podem quebrar.

Leland Dudek, administrador na SSA

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