Sem tornozeleira e de olho na promoção: o futuro de Mauro Cid após a delação

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro. Foto: Adriano Machado/Reuters

O tenente-coronel Mauro Cid, pivô das investigações sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022, completa no final de maio dois anos de prisão conforme seu acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal. Agora, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro prepara seu retorno à vida civil e militar.

Fontes próximas ao militar revelaram à Malu Gaspar, do Globo, que seu primeiro passo será pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a liberação das medidas cautelares que ainda cumpre: uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno, apresentações semanais à Justiça e necessidade de autorização para deixar Brasília.

Na semana passada, Cid já obteve permissão especial para comparecer à cerimônia de premiação da filha, atleta de hipismo, no Jockey Club de São Paulo.

“Ele não vai mais ter impedimento nenhum”, afirmou um interlocutor de Cid, expressando otimismo sobre seu futuro. O plano do militar inclui retornar ao Exército como ativo e buscar a promoção a coronel, patente que lhe foi negada em março do ano passado pelo comandante Tomás Paiva.

Mauro Cid mantém a forma na esperança de voltar ao Exército. Foto: Cristiano Mariz/O Globo

A estratégia de defesa de Cid foi cuidadosamente calculada: seu acordo prevê pena de dois anos justamente para evitar consequências mais graves no âmbito militar. Pelo estatuto castrense, oficiais condenados a penas superiores a dois anos podem ser declarados indignos, perder patentes e soldo, e ser expulsos das Forças Armadas.

Atualmente com status “sub judice” em sua ficha funcional, o que o impede de promoções, transferências e cursos, Cid aguarda dois desfechos cruciais: o julgamento pela Primeira Turma do STF do “núcleo crucial” da trama golpista (previsto para até outubro) e um parecer do Exército sobre sua reintegração.

O acordo de delação de Cid, tornado público em fevereiro por decisão de Moraes, foi peça-chave para a denúncia que levou Bolsonaro, o general Walter Braga Netto e outros cinco golpistas ao banco dos réus por tentativa de golpe.

O documento prevê proteção para Cid e sua família, além da restituição de bens apreendidos, em troca da revelação completa de todos os crimes “que praticou, participou ou tenha conhecimento”.

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