Guerra comercial pressiona petróleo: quais ações do setor estão mais “protegidas”?

Uma bomba de extração de petróleo fora de Almetyevsk, na República do Tartaristão, Rússia, 4 de junho de 2023. REUTERS/Alexander Manzyuk/Foto de Arquivo

A materialização de uma guerra comercial global ampliou as preocupações dos investidores em relação a uma possível recessão e à desaceleração da economia global — o que levou a uma derrocada nas cotações do petróleo no mercado internacional.

Paralelamente, a recente decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de antecipar o aumento da produção a partir de maio sugere um possível desequilíbrio entre oferta e demanda, o que dificulta a sustentação dos preços do Brent significativamente acima de US$ 60 o barril.

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Diante desse cenário de deterioração, o Itaú BBA comenta que os investidores têm reavaliado o nível ideal de exposição ao setor — quando optam por mantê-la — e priorizado uma abordagem mais defensiva. A preferência recai sobre ativos com maior resiliência, capazes de oferecer retornos atrativos mesmo em um ambiente de preços de petróleo persistentemente abaixo de US$ 60 por barril.

Nesse contexto, o BBA destaca que as atenções se dividem entre Petrobras(PETR3;PETR4) e PRIO (PRIO3). “Os que favorecem Petrobras veem na companhia uma alternativa menos exposta à volatilidade do petróleo, graças ao sólido rendimento de dividendos no curto prazo”. De forma geral, porém, os investidores ainda consideram prematuro tomar decisões ancoradas no cenário eleitoral.

Já os investidores que optam por PRIO, segundo o BBA, destacam sua forte geração de fluxo de caixa livre no curto prazo e o potencial impacto da aquisição do campo de Peregrino como um catalisador relevante para as ações ao longo do ano. Além disso, há expectativas positivas quanto ao foco da companhia em retorno ao acionista no período pós-aquisição.

O Itaú BBA disse preferir Petrobras, uma vez que ação está sendo negociada com um dividend yield de 13% e a PRIO com um FCFE yield (rendimento do fluxo de caixa livre) de 15%, assumindo que os preços do petróleo permaneçam em US$ 65 por barril pelo resto do ano. Com isso, o banco manteve recomendação de compra para Petrobras e PRIO, com preço-alvo de, respectivamente, R$ 49 e R$ 70.

O BBA vê o setor de distribuição de combustíveis como uma opção defensiva durante este período de forte queda do preço do petróleo. No entanto, reconhece que pode haver maior volatilidade de curto prazo devido à arbitragem aberta para importações e perdas de estoque.

O Itaú BBA manteve recomendação de compra para Vibra e Ultra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 30 e R$ 28.

Já o Bradesco BBI pontua que o risco macroeconômico geral mudou profundamente desde o anúncio de novas tarifas de importação pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com os preços do petróleo caindo abaixo de US$ 70 o barril devido às expectativas gerais mais baixas para a atividade global.

Por outro lado, segundo o BBI, as tarifas tiveram o efeito de achatar as curvas de rendimento nos EUA, bem como no Brasil, o que deve beneficiar os players de alavancagem com dívidas de taxa flutuante, como Cosan (CSAN3), Vibra (VBBR3) e Orbia.

Em resumo, o BBI disse preferir distribuição de combustível e produtos químicos mexicanos em vez de empresas petrolíferas, mas manteria nomes como Petrobras e PRIO no longo prazo, especialmente para se proteger de uma reversão de cenário com o fim das guerras comerciais e a perspectiva de recessão diminuindo.

De acordo com BBI, PRIO e Petrobras apresentam breakevens (pontos de equilíbrio) de fluxo de caixa livre para o acionista (FCFE)/ barril de óleo equivalente (boe) mais baixos, em vez de empresas argentinas ou colombianas de ciclo curto, especialmente Vista e GPRK, que são mais intensivas em capital.

Embora a recente queda nos preços do Brent e em todo o mercado tenha sido extraordinária, ela não afetou substancialmente as teses de investimento para as principais escolhas (top picks) da XP no setor (Petrobras e PRIO). Os preços do Brent, que estavam em US$ 75 por barril antes dos recentes anúncios, eram mais altos do que a premissa da corretora de US$ 70 por barril. Portanto, na avaliação da XP, a baixa atual para US$ 65/bbl é menos dramática do que o movimento de preços nas últimas duas sessões sugere.

Na avaliação da XP, os retornos do FCFE permanecem muito atraentes para a Petrobras, em torno de 12% a 15% com o Brent entre US$ 65 e US$ 70 por barril. Para a PRIO (ex Wahoo em 2025), a XP prevê rendimentos de 14% a 16%, enquanto em 2026 (incluindo Wahoo), os rendimentos aumentam substancialmente para 33% a 37% sob os mesmos cenários de preço do Brent. Em um cenário mais conservador, com o Brent a US$ 60/bbl, os rendimentos da Petrobras ficariam em cerca de 9%, enquanto a PRIO (ex Wahoo) apresentaria 12,5% em 2025.

A XP acredita que o valuation continua a ser um forte argumento a favor das teses de investimento da PRIO e da Petrobras.

Por outro lado, a XP disse ser mais cautelosa com a Brava (BRAV3). Embora os rendimentos possam ser semelhantes aos da PRIO a US$ 70/bbl, a corretora vê o ponto de equilíbrio do FCF a preços do Brent muito mais altos (entre US$ 60 e US$ 65/bbl), devido à sua maior alavancagem. Em relação à PetroRecôncavo (RECV3), a XP avalia que a petrolífera conterá os dividendos devido às maiores incertezas e à possibilidade de fusões e aquisições, mas os rendimentos também são semelhantes aos da PRIO.

O Morgan Stanley, por sua vez, reforça sua preferência por Petrobras (beta mais baixo e dividendo defensivo) e PetroRecôncavo (maior exposição ao gás e a única E&P que oferece dividendo) para enfrentar a pressão de curto prazo no preço do petróleo.

Em um cenário de pressão de preços significativa ou mais baixa por mais tempo, o banco americano disse que poderia ter uma boa classificação para a distribuição de combustível coom Vibra (VBBR3) e exposição ao gás argentino.

O Morgan ainda afirmou favorecer balanço patrimonial robusto, dividendos defensivos e ações com beta mais baixo para navegar na turbulência nos mercados de petróleo.

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