Taxas longas de DIs fecham em alta com avanço do dólar e dos Treasuries yields

Moedas de 1 real

As taxas dos DIs com prazos mais longos fecharam a segunda-feira em leve alta, acompanhando o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e a disparada do dólar ante o real, para perto dos R$5,90, com os ativos globais reagindo ao início da cobrança de tarifas de importação pelos EUA e às ameaças do presidente norte-americano, Donald Trump, de elevar ainda mais a cobrança sobre produtos chineses.

Na ponta curta da curva a termo, as taxas encerraram próximas da estabilidade.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,695%, ante o ajuste de 14,687% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,245%, ante o ajuste de 14,234%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,43%, em alta de 6 pontos-base ante 14,375% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,54%, ante 14,494%.

Após os fortes recuos das duas sessões anteriores, na esteira das preocupações com uma possível recessão nos EUA em meio à guerra global de tarifas, as taxas dos DIs tinham espaço para ajustes em alta nesta segunda-feira.

O forte avanço do dólar ante o real favoreceu esta alta, assim como o avanço dos yields dos Treasuries no exterior, conforme um operador ouvido pela Reuters.

No primeiro caso, o dólar ganhou força com o início, no sábado, da cobrança de uma tarifa de 10% sobre todas as importações dos EUA, em meio à busca dos investidores pela segurança da moeda norte-americana. Na próxima quarta-feira, uma bateria de tarifas recíprocas adicionais, que atingirão os países de maneiras diferentes, entrará em vigor.

Para piorar, nesta segunda-feira Trump disse que pode impor uma taxa adicional de 50% sobre as importações vindas da China na próxima quarta-feira, se a segunda maior economia do mundo não retirar as tarifas de 34% que havia imposto sobre produtos dos EUA na semana passada. As tarifas chinesas vieram justamente em resposta às taxas “recíprocas” de 34% anunciadas anteriormente por Trump.

No caso dos Treasuries, o avanço dos rendimentos nesta segunda-feira esteve ligado em parte à percepção de que o governo Trump pode negociar acordos comerciais com outros países. O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse que Trump conversou com líderes mundiais durante todo o fim de semana e ouvirá propostas de grandes acordos.

Com estes dois fatores de pressão — o dólar e os Treasuries — a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a máxima de 14,33% às 9h15, pouco depois da abertura, em alta de 10 pontos-base ante o ajuste de sexta-feira.

Ainda durante a manhã, pouco depois das 11h, as taxas futuras despencaram no Brasil e passaram a oscilar no território negativo, acompanhando uma melhora generalizada dos ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes, incluindo o real.

Isso ocorreu momentaneamente após reportagem da CNBC dos EUA informar que Trump estaria considerando uma pausa de 90 dias nas tarifas cobradas de todos os países, com exceção da China. Em resposta na sequência, porém, a Casa Branca desmentiu a pausa e qualificou a notícia como “falsa”, o que fez o dólar voltar a subir ante o real e as taxas dos DIs a saltarem novamente para o território positivo.

“Por um momento, uma notícia de uma possível pausa de 90 dias para todos os países da lista ex-China trouxe alívio, mas já recuamos novamente”, pontuou Matheus Amaral, especialista em Renda Variável do Inter. “O momento é de elevada volatilidade e incertezas, e não parece que será diferente pela frente enquanto houver essa guerra comercial intensificada que é ruim para todo mundo”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, preocupações em torno de possível recessão nos EUA ainda permeavam os negócios em todo o mundo. No Brasil, isso se refletiu em relativa estabilidade das taxas na ponta curta da curva a termo, com investidores enxergando chances maiores de uma elevação de 50 pontos-base da Selic em maio — e não de 75 pontos-base. Atualmente a Selic está em 14,25% ao ano.

Na sexta-feira — atualização mais recente — o mercado de opções de Copom da B3 precificava 58,50% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 57,50% na véspera) e 19,50% de chances de elevação de 25 pontos-base (22,00% na véspera), contra apenas 5,00% de probabilidade de alta de 75 pontos-base (6,50% na véspera).

Para o encontro seguinte do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em junho, as opções de Copom precificavam na sexta-feira 40,00% de probabilidade de manutenção da Selic (36,90% na véspera) e 33,00% de chances de alta de 25 pontos-base (34,00% na véspera).

Pela manhã, o boletim Focus do Banco Central mostrou que o mercado, em meio ao cenário turbulento da guerra comercial, manteve a projeção de inflação de 5,65% no Brasil em 2025 e de 4,50% em 2026. A projeção da Selic no fim deste ano permaneceu em 15,00% e no fim do próximo ano em 12,50%.

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