Almoço de Páscoa está mais caro em 2025 com alta do bacalhau, azeite e chocolate

Supermercado em Brasília preparado para a Páscoa (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O tradicional almoço de Páscoa vai pesar mais no bolso em 2025. Quem quiser manter a receita clássica deve encarar altas expressivas nos preços acumulados dos últimos 12 meses dos principais itens, como azeite de oliva (14,16%), azeitona (13,68%), ovos (10,49%), além do próprio bacalhau (5,51%), segundo dados de fevereiro do IPCA. Por outro lado, alguns ingredientes comuns na preparação do prato, como batata (-44,85%), cebola (-32,33%) e pimentão (-9,57%) ficaram mais baratos.

A combinação de altas e baixas revela um cenário misto na alimentação do brasileiro, mas ainda pressionado. “Esse resultado mostra que produtos tradicionais da data tiveram altas expressivas, que puxaram a média para cima”, explica Maria Giulia Figueiredo, analista de Research da Rico. 

Mesmo assim, a especialista observa que a recente deflação de alguns itens não representa necessariamente um alívio duradouro. “Pode ser mais um ajuste pontual, após picos de preço do que uma tendência de alívio duradouro”, diz.

E não somente o prato principal: os preços para as sobremesas pascais estão mais elevados em 2025. No acumulado dos últimos 12 meses, o chocolate em barra e bombons tiveram alta de 16,53%, enquanto o chocolate em pó subiu 12,49%, e o leite condensado avançou 8,98%. Outros itens que também podem fazer parte das receitas, como biscoitos (1,39%) e frutas (3,31%), também contribuíram para o aumento da conta.

Chocolate em alta histórica

Mesmo com a matéria-primeira mais cara, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) aponta que a produção de ovos de Páscoa alcançou 45 milhões de unidades em 2025. O montante representa uma queda de 22,4% em relação aos 58 milhões de unidades do ano passado.

Segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney, a retração está ligada ao preço do cacau, cuja tonelada saltou de US$ 4.822,00 para US$ 11.675,00 somente em 2024, em Nova York — uma valorização superior a 140%. A escassez do insumo, causada por problemas climáticos nas principais regiões produtoras, o que levou à cotação mais alta da commodity em 50 anos

“O aumento dos custos de produção do chocolate é o principal motivo da elevação dos preços nos últimos anos”, afirma Guilherme Moreira, coordenador do IPC-Fipe. Segundo ele, a oferta global limitada impulsionou o preço do insumo, pressionando toda a cadeia de produção.

Mesmo assim, o impacto ainda se reflete nos preços ao consumidor. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), os ovos de Páscoa estão 9,52% mais caros em 2025 — mas o valor ainda representa uma alta menor do que no ano passado (10,33%) e 2023 (18,61%).

A boa notícia para os chocólatras é que a cotação do cacau arrefeceu desde o final do ano passado para cá. Entre janeiro e os primeiros dias de abril, a cotação do cacau recuou cerca de 22%, com a tonelada passando de US$ 10.987,00 para US$ 8.501,00. 

Trocando bacalhau pela tilápia 

Dados do Ceasa do Grande ABC mostram que, na região metropolitana de São Paulo, o quilo do bacalhau pode ser encontrado por um valor médio de R$ 117, dependendo do corte e especificidades. Considerando os principais ingredientes da receita clássica de almoço (bacalhau, azeite, batata, azeitona, cebola, pimentão e ovo), a inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 4,44%. Isso sem contar o gás de cozinha, que variou 7,01% no botijão.

Além do impacto sazonal do peixe tradicional, o azeite teve a maior valorização da lista (+14,16%). “A seca nas regiões produtoras da Europa causou uma queda de oferta e subiu o preço do produto no mundo inteiro”, explica Moreira. 

Já no caso do bacalhau, a demanda menor ajudou a conter altas ainda maiores. “Pode estar havendo uma substituição para outros peixes mais baratos, segurando assim um pouco esses aumentos”, afirma o coordenador do IPC-Fipe.

Se preparar bacalhau está fora de cogitação, o consumidor pode economizar trocando o peixe por opções mais baratas. No geral, os pescados registraram deflação de -0,1%, com destaque para peixes até 80% mais baratos que o bacalhau, e que tiveram menor valorização no último ano: como o cavala (R$ 14/kg), a tilápia (R$ 16/kg) e a corvina (R$ 21/kg).

Mesmo os pescados considerados mais nobres, — caso do Salmão, do Pintado e da Anchova —, os preços estão menos salgados para o consumidor. Veja a seguir.

Menos no carrinho, mais planejamento

Com preços em alta, o consumidor está adaptando seus hábitos. Um levantamento da Neogrid mostra que, na semana da Páscoa de 2024, a média de produtos por compra foi de 3,6 — queda em relação aos 4,3 itens registrados em 2023. “Os dados mostram que o comportamento do consumidor está mudando”, explica Anna Carolina Fercher, da Neogrid. 

De olho nisso, o varejo tem oferecido embalagens menores e promoções para ajudar a manter a tradição sem comprometer o bolso. Do ponto de vista do consumidor, mesmo com o orçamento apertado, especialistas recomendam substituições inteligentes e planejamento. 

“Pequenos ajustes na forma de consumir podem fazer diferença no bolso sem perder o encanto da data”, afirma a educadora financeira Thaisa Durso, da Rico. Confira algumas dicas da especialista para quem não quer abrir mão da celebração da Páscoa:

– Explore os simbolismos: resgatar o verdadeiro significado da data ajuda a evitar gastos motivados apenas por marketing;
– Compare preços por quilo: chocolates tradicionais costumam ser mais baratos que ovos de Páscoa com embalagens elaboradas;
– Defina um orçamento e faça uma lista: planeje quem será presenteado e os custos da celebração como um todo;
– Avalie custo-benefício: nem sempre o mais caro é o melhor. Leia os rótulos e evite pagar só pela marca;
– Invista em opções criativas: ovos caseiros, chocolates artesanais e momentos em família podem substituir presentes caros;
– Use ferramentas financeiras: pague à vista, utilize cashback, cupons e programas de desconto para aliviar o impacto.

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