Morre Manga, lenda do futebol sul-americano e ídolo de Botafogo e Internacional

Goleiro mostrava sempre os dedos tortos, devido ao fato de jogar sem luvas – Fotos: Reprodução/Especial

O futebol brasileiro perdeu, nesta terça-feira (8/4), uma de suas figuras mais lendárias. Haílton Corrêa de Arruda, conhecido como Manga, morreu aos 86 anos, vítima de câncer de próstata. Considerado um dos maiores goleiros da história da América do Sul, Manga construiu uma carreira marcada por títulos, ousadia e personalidade dentro e fora das quatro linhas.

Natural do Recife, Manga foi um goleiro à frente do seu tempo, reconhecido pelo estilo corajoso, pela frieza em campo e por uma característica rara: atuava sem luvas, confiando apenas em seu instinto e na firmeza das mãos para realizar defesas decisivas. Com essa marca registrada, conquistou admiração e respeito por onde passou.

Seu auge no futebol brasileiro veio no Botafogo, clube que defendeu entre 1959 e 1968. No alvinegro carioca, foi quatro vezes campeão carioca e tricampeão do Torneio Rio-São Paulo, dividindo o elenco com craques como Garrincha, Nilton Santos e Jairzinho. Manga foi peça-chave na era dourada do clube, ajudando a consolidar o Botafogo como uma das potências do futebol nacional.

Manga jogou por três temporadas no Inter e foi bicampeão brasileiro

 

Nos anos 1970, brilhou também com a camisa do Internacional, de Porto Alegre. No clube gaúcho, viveu outro momento histórico ao conquistar o bicampeonato brasileiro em 1975 e 1976, tornando-se ídolo da torcida colorada. A passagem por Porto Alegre também inclui uma curta temporada no Grêmio, o que o torna um dos raros atletas a ter atuado pelos dois maiores rivais do Rio Grande do Sul.

Fora do Brasil, Manga construiu uma carreira vitoriosa no Nacional, do Uruguai, onde conquistou quatro títulos nacionais e a Copa Libertadores, reforçando sua reputação continental. Ainda passou por Sport, Operário-MS, Coritiba e o Barcelona de Guayaquil, no Equador, onde encerrou a carreira.

Ao longo das décadas de 1960 e 1970, Manga foi símbolo de longevidade e excelência no gol, atuando em alto nível até os 40 anos. Ele também representou a Seleção Brasileira em diversas convocações, inclusive como parte do elenco que disputou a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra.

Ídolo em pelo menos três países e admirado por gerações de torcedores, Manga deixa um legado de coragem, irreverência e talento. Seu nome seguirá entre os grandes arqueiros da história do futebol sul-americano, eternizado não apenas pelos títulos, mas pela forma única com que defendeu o gol — de mãos nuas, mas com alma gigante.

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