Líder dos apoiadores de Trump tenta tirar o boné maldito. Por Moisés Mendes

Tarcísio de Freitas, um dos primeiros a colocar o boné da América grande de novo, ao lado de Bolsonaro, dos filhos dele, da bancada da extrema direita, do agro pop e de parte da velha direita no Congresso, é líder dos 22% de brasileiros que aprovam os desatinos de Trump.

É gente que, mais do que aprovar, idolatra o americano que pisoteia no Brasil. Uma turma que parecia majoritária, mas em menos de um mês ficou em minoria.

Está na pesquisa da Quaest divulgada nessa terça-feira: 43% dos brasileiros têm uma imagem negativa do presidente dos Estados Unidos. Que é aprovado por esse grupo de 22%, menor até do que a base rígida bolsonarista. Outros 23% o consideram regular.

A rejeição ao americano é maior entre as mulheres: 47% delas têm uma avaliação negativa de Trump, bem mais do que a fatia de 38% entre os homens. O que apenas reafirma que o trumpismo é um fenômeno dos machos, como são o bolsonarismo e o tarcisismo.

Mas os líderes desses 22% de brasileiros que aprovam o chefe de um governo assumidamente neonazista, que persegue gays e todos os diferentes, nunca mais foram vistos com bonés da América grande.

Martin Luther King, que teve seu aceno repetido por Barack Obama quando foi presidente dos EUA. Reprodução de Fotomontagem

Tanto que nessa segunda-feira, um dia depois da aglomeração na Paulista – quando voltou a defender as teses de Bolsonaro ao lado do chefe –, Tarcísio fez referências a Barack Obama e até a Martin Luther King.

Citou os americanos na maior cara de pau, ao participar de evento de lançamento do novo trecho da linha 4-Amarela do metrô. Afirmou, em referência aos dois, como se dissesse que se inclui entre eles e pode até aparecer por aí com cabelo black power:

“E o dia em que ele (Luther King) viu… quer dizer, ele não teve a oportunidade de ver, mas aconteceu de ter um negro (Obama) na Casa Branca, um presidente dos Estados Unidos. Os líderes fazem a diferença”.

Ao citar dois líderes negros que não fecham com o trumpismo, Tarcísio ofende a memória de Luther King. Por que faz isso? Para tentar se equilibrar na corda bamba podre de Bolsonaro, dos militares e da base bolsonarista. Sem saber o que fazer com o boné maldito.

Tarcísio não pode ficar mal com a extrema direita que o inventou, mas precisa enviar acenos para a velha direita que cansou de Bolsonaro. Por isso largou o boné, de um dia para o outro, e citou Obama e Luther King.

Por orientação de algum marqueteiro esperto, talvez o mesmo que o recomendou a ser o primeiro a se fantasiar de trumpista, fez agora o gesto de reverência a dois americanos. Para não sair muito dos trilhos e manter a conexão com os Estados Unidos.

Mas quem se agarra a Malafaia não deveria falar de sonhos citando Luther King. Quem sabe na próxima chance que tiver, para continuar limpando a barra, Tarcísio avance um pouco mais como extremista moderado e cite o padre Júlio Lancellotti.

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