A família da paciente Vitória Chaves da Silva, que faleceu de 26 anos, decidiu registrar um boletim de ocorrência e acionar o Ministério Público de São Paulo (MPSP), além do Incor.
A jovem morreu devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica em 28 de fevereiro, no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e nove dias antes seu caso foi exposto em vídeos no tiktok por estudantes de medicina.
A exposição revoltou a irmã Giovana Chaves dos Santos e a mãe da paciente, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves.
“A gente sempre acompanhou a Vitória. A gente sabia o quanto ela lutava para viver, né? Tanto é que tem um monte de ofício na Promotoria da gente pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir no tratamento. Ela nunca faltou numa consulta sequer, né? E minha filha tinha sede de vida. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito, quero Justiça”, disse Cláudia ao Metrópoles.
A família da paciente quer que as alunas se retratem publicamente, da mesma forma que expuseram e debocharam da paciente. Nem as estudantes nem as defesas foram localizadas pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Vitória entrou para a história da medicina brasileira ao ser submetida a três transplantes de coração e um de rim — um feito inédito no país.
Dias antes de sua morte, duas estudantes de medicina publicaram um vídeo no TikTok relatando o caso da paciente de forma não autorizada, com tom de deboche e informações incorretas.
As estudantes não citaram nomes, mas deram detalhes suficientes para identificar Vitória, além de sugerirem que a jovem teria sido negligente com o próprio tratamento — o que foi refutado pelos familiares.
A paciente foi diagnosticada ainda no útero com anomalia de Ebstein, um defeito cardíaco raro. Contrariando as previsões médicas, sobreviveu, estudou, sonhou em cursar medicina e lutou pela vida até o fim.
“A médica falou que, depois do nascimento, ela não passaria de 15 dias viva. Mas Deus é maior, passaram-se os 15 dias, ela ficou em uma incubadora e sobreviveu”, afirmou sua mãe.
O Instituto do Coração (Incor), onde a jovem foi tratada, repudiou a exposição e afirmou apurar o caso.
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