Risco e colapso: os bastidores do recuo de Trump sobre tarifaço

Donald Trump: presidente dos EUA adiou o tarifaço por 90 dias, exceto para a China. Foto: reprodução

“Eu sei o que diabos estou fazendo”, afirmou Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, aos republicanos na terça-feira (8), enquanto suas tarifas abalavam os mercados globais. “FIQUEM CALMOS! Tudo vai dar certo”, postou em suas redes sociais na manhã seguinte. Mas à tarde de quarta-feira (9), a realidade financeira falou mais alto – Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas “recíprocas” para quase todos os países, enquanto elevava para 125% as taxas sobre produtos chineses.

A reviravolta ocorreu após dias de turbulência nos mercados, com o rendimento dos títulos do Tesouro estadunidense atingindo níveis preocupantes. “Bem, eu concluí que as pessoas estavam saindo um pouco da linha. Estavam vivendo um ‘oba-oba’, você sabe, ficando um pouco empolgadas, mas um pouco com medo”, explicou Trump a jornalistas.

Nos bastidores, porém, assessores como o secretário do Tesouro Scott Bessent temiam que a situação escapasse ao controle, potencialmente desencadeando uma crise econômica. Com informações do Globo.

O episódio revela a tensão entre o instinto protecionista de Trump e a realidade dos mercados. “Este é um ótimo momento para comprar!!”, publicou no X, antigo Twitter, o presidente pela manhã, antes de mudar radicalmente de posição horas depois.

A decisão de recuar veio após Bessent alertar Trump durante um voo no Air Force One sobre os riscos de prolongar a incerteza. “O presidente aparentemente absorveu apenas parte da mensagem”, comentou uma fonte próxima às discussões.

Enquanto suspendeu temporariamente as tarifas para cerca de 75 países que buscaram negociar, Trump manteve e intensificou a pressão sobre a China.

Donald Trump, presidente dos EUA, em encontro com Xi Jinping, da China. Foto: reprodução

“Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%”, declarou. A medida reflete a estratégia defendida por assessores como JD Vance de isolar Pequim como principal alvo da política comercial.

A equipe econômica tentou apresentar o recuo como parte de um plano maior. “Essa foi a estratégia dele o tempo todo”, insistiu Bessent.

Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, chegou a citar o livro de Trump: “Muitos de vocês na mídia claramente não leram ‘A Arte da Negociação’”. Entretanto, o próprio Trump admitiu que agiu “instintivamente, mais do que qualquer outra coisa”.

Analistas questionam quanto tempo durará a trégua. Peter Navarro, conselheiro comercial da Casa Branca, continua defendendo tarifas mais agressivas para estimular a manufatura estadunidense.

Enquanto isso, setores como o automotivo pressionam por isenções. “O presidente se recusou a dar a clareza que muitos investidores estão buscando”, observou um analista de Wall Street.

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