
A projeção no início do ano para o petróleo Brent é que ele se manteria na faixa média de US$ 75. Isso se verificou nos três primeiros meses do ano. Mas, agora, em abril, após o anúncio das novas tarifas de importação pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (ainda que parcialmente revertidas na véspera), o cenário mudou.
“Com esse anúncio das tarifas por parte do Trump a gente viu o preço do Brent oscilar e cair, chegando a US$ 60 o barril na manhã de ontem (9), atingindo a mínima em poucos dias”, relatou Tiago Sbardelotto, economista da XP, que participou nesta quinta (10) do programa Morning Call da XP.
Dependência
“A economia brasileira tem certa dependência de petróleo. O petróleo é importante tanto para receitas fiscais públicas quanto para a balança comercial”, disse. Segundo cálculos da XP, se o Brent se manter perto dos US$ 60, o efeito será forte na economia, conforme também destacou em relatório.
De acordo com o economista, os efeitos recairiam sobre as receitas fiscais, na arrecadação do governo, nos dividendos da Petrobras (PETR3;PETR4) e na receita tributária.
“Somando tudo isso a gente teria uma perda de receita do governo de R$ 32 bilhões. Somente a União, o impacto seria de R$ 20 bilhões”, afirmou.
“Isso, obviamente, representa um risco à meta de resultado primário do governo federal desse ano. O governo, para compensar essa perda, na nossa conta, teria que fazer um contingenciamento de US$ 25 bilhões, que é muito forte”, complementou.
Balança comercial
O impacto seria também sentido na balança comercial porque o Brasil exporta petróleo e importa alguns derivados de petróleo. “Isso representaria US$ 9 bilhões a menos de exportação e US$ 3,5 bilhões a menos de importação. Então, o impacto seria de US$ 5,5 bi na nossa balança comercial”, comentou.
Por outro lado, Sbardelotto disse que teria efeito também sob inflação caso a Petrobras quisesse seguir a paridade. “Isso poderia ter um impacto de 0,22 ponto percentual na inflação medida pelo IPCA”, afirmou.

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“O mundo está em compasso de espera das próximas decisões relacionadas às tarifas. Se de fato tenha um recuo dos Estados Unidos, muito provavelmente o petróleo deve recuperar uma parte do valor, ainda que persista um efeito sobre a China”, relatou.
Para ele, a China tem um efeito muito importante no preço do petróleo, o que mantém pressão sobre o produto. “E ainda tem a perspectiva maior de inflação nos Estados Unidos, com desaceleração da economia, que traria impacto à commodity”, ressaltou.
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