
De janeiro a março deste ano, o estado de São Paulo já confirmou 42 casos e 24 mortes por febre amarela. Este é o maior número de registros desde 2018, quando o estado contabilizou 456 casos e 148 mortes pela doença.
Durante o último surto da febre amarela, o Ministério da Saúde optou por evitar a expansão do vírus através da estratégia de fracionar a vacina em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
A infectologista e patologista clínica Carolina Lázari, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), explica que a febre amarela no Brasil ocorre apenas na forma silvestre, sendo transmitida por mosquitos de áreas de mata que utilizam primatas não humanos como hospedeiros.
“Casos em humanos são esporádicos e geralmente relacionados a incursões nesses ambientes. Desde 1942, não há transmissão urbana, mas a intensa infestação pelo Aedes aegypti, demonstrada pela recente epidemia de dengue, aumenta o risco de reintrodução do vírus no ciclo urbano, possibilitando uma transmissão sustentada entre humanos”, alerta.
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Segundo a especialista, áreas periféricas próximas a zonas rurais e matas precisam de mais cuidado. “No surto de 2017/2018, por exemplo, a maioria dos casos vinha de um bairro em Mairiporã, uma área urbana colada à Serra da Cantareira, o que reforça a necessidade de vigilância nessas regiões”, disse.
Sobre a febre amarela
A febre amarela é uma doença febril aguda, causada pelo Flavivirus, transmitida pela picada de mosquitos infectados. Ela pode se apresentar de forma leve ou grave, com risco real de morte.
Os principais sintomas incluem:
- Início súbito de febre
- Calafrios
- Dor de cabeça intensa
- Dores no corpo
- Náuseas e vômitos
- Fadiga
- Fraqueza
Paulo Abrão, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, explica que a vacina é a principal ferramenta de prevenção e está disponível gratuitamente para toda a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2017, o país adota o esquema de apenas uma dose ao longo da vida.
Tomei a vacina fracionada em 2018. E agora?
Segundo Abrão, é necessário tomar novamente, desde que haja indicação. “Quem tomou a dose fracionada na época do surto, quando não havia disponibilidade de vacina para todos, é aconselhado a fazer uma dose plena”, disse.
O motivo está na incerteza sobre a durabilidade da proteção pela dose fracionada.
O especialista destaca que uma dose é suficiente para desenvolver a imunidade, mas ao fracioná-la, que é uma estratégia utilizada em situações de crise para aumentar o número de pessoas vacinadas, não se sabe exatamente qual é a durabilidade da resposta imunológica.
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Vale ressaltar que a vacina fracionada e a completa são as mesmas; não há diferenciação. No Brasil, existe apenas um tipo de vacina disponível contra a febre amarela, produzida nacionalmente. “Não há diferença entre as vacinas, porque o tipo utilizado no país é único e produzido pela saúde pública brasileira”, esclareceu.
Quem não pode tomar a vacina?
Por ser feita com vírus vivos atenuados, a vacina não deve ser aplicada em pessoas com imunidade comprometida. Isso inclui pacientes oncológicos, transplantados, pessoas vivendo com HIV, idosos com mais de 60 anos (dependendo da avaliação médica) e quem usa medicamentos imunossupressores. Crianças com menos de 6 meses de idade também não devem ser vacinadas.
Aqueles acima dessa faixa etária podem receber a vacina, desde que não apresentem qualquer condição que comprometa a imunidade.
Além disso, Abrão alerta que quem possui alergia a ovo não pode tomar a vacina da febre amarela, assim como a da gripe.
“O vírus da vacina é cultivado em ovos de galinha, então há proteínas do ovo na vacina, assim como na da influenza, que também é feita com o mesmo método”, disse.
A febre amarela continua sendo uma ameaça no Brasil. “É uma doença muito grave, com uma taxa de mortalidade de até 50%. O vírus agride principalmente o fígado, causando destruição do órgão, mas também pode afetar os rins e o sistema nervoso central”, ressaltou.
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