
A guerra comercial travada pelos Estados Unidos contra a China deve aprofundar os desequilíbrios econômicos regionais no Brasil. Segundo estudo do Nemea-Cedeplar, da UFMG, enquanto o Centro-Oeste e o Rio Grande do Sul se beneficiariam com a valorização da soja, estados industriais como São Paulo e Minas Gerais acumulariam perdas bilionárias.
Os números apresentados revelam um cenário desigual mesmo com projeção de um ganho marginal no Produto Interno Bruno (PIB), de 0,01%.
Segundo os pesquisadores, São Paulo teria retração de cerca de R$ 4 bilhões no PIB, e Minas Gerais perderia R$ 1,16 bilhão. Os estados do Sudeste, com maior exposição à indústria e às importações, concentram os efeitos negativos da disputa tarifária iniciada em abril de 2025, que envolve sobretaxas de até 145% por parte dos EUA e 125% pela China.

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Na outra ponta, o Centro-Oeste e o Rio Grande do Sul seriam favorecidos por uma alta de 28,1% nas exportações de sementes oleaginosas, com reflexo direto na produção agropecuária, que cresceria US$ 5,5 bilhões. A indústria, por sua vez, sofreria queda de US$ 8,9 bilhões na produção e US$ 6,4 bilhões nas exportações.
Apesar do leve avanço do PIB brasileiro, o impacto setorial é negativo na maioria dos segmentos. Equipamentos de transporte, metais ferrosos, carnes e laticínios registrariam as maiores quedas de produção. Os resultados indicam que o país tende a ganhar em nichos específicos, enquanto perde competitividade em setores industriais de maior valor agregado.
A divulgação do estudo, publicado originalmente no domingo (13), ocorre no mesmo dia em que a Amcham Brasil anunciou que a corrente de comércio entre Brasil e Estados Unidos atingiu recorde histórico no primeiro trimestre de 2025, somando US$ 20 bilhões. Mesmo com a imposição de tarifas por parte dos EUA, o comércio bilateral cresceu 6,6% na comparação com 2024. O saldo, porém, foi deficitário para o Brasil em US$ 654 milhões.
Efeito global
Ainda de acordo com o estudo da UFMG, o PIB mundial pode cair 0,25% devido à guerra tarifária, o que representa US$ 205 bilhões. O impacto mais forte, no entanto, deve ser sentido no comércio internacional, com recuo de 2,38%, ou cerca de US$ 500 bilhões.
Nos Estados Unidos, o impacto estimado é de queda de 0,7% no PIB. A China teria retração de 0,6%. O Brasil, por outro lado, teria crescimento marginal de 0,01%, impulsionado por exportações agrícolas e queda nos preços de importações.
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