À Polícia Federal (PF), um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) afirmou que foi obrigado a transportar três relógios de luxo do Catar para o Brasil, com o objetivo de entregá-los ao então diretor da agência, Alexandre Ramagem. A declaração faz parte do inquérito que apura irregularidades na chamada “Abin paralela”, criada durante a gestão de Ramagem no governo de Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o depoimento, o agente contou que foi “constrangido” por uma assessora de Ramagem a fazer o transporte dos itens. “Em uma das viagens, o declarante foi constrangido a trazer um presente do Catar para Ramagem”, disse. O presente, segundo ele, era composto por três relógios de luxo. O servidor não especificou os modelos nem explicou como os objetos entraram no país.
A PF apura se os itens foram trazidos sem declaração oficial, o que pode configurar sonegação fiscal. Os relógios podem ter sido inseridos ilegalmente no território brasileiro, o que, se confirmado, caracteriza uma infração aduaneira.
Sobre o caso, a defesa de Ramagem afirmou que os relógios “foram recebidos, catalogados pela Abin e encaminhados ao museu da instituição”.
A versão apresentada será confrontada com os documentos internos da agência e registros de entrada dos bens. A Polícia Federal quer saber se os presentes ficaram, de fato, sob posse institucional ou se foram desviados.
A corporação também investiga se funcionários nomeados por Ramagem tinham ligação com uma empresa contratada pela Abin. Há suspeitas de que alguns servidores teriam recebido pagamentos irregulares dessa empresa durante o período em que atuavam na agência.
O atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, também é alvo do inquérito. Ele será ouvido na quinta-feira (17), suspeito de ter mandado destruir provas que poderiam comprometer a antiga gestão. A oitiva será uma das últimas etapas da investigação, que pode resultar em novas acusações formais nos próximos dias.
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