
Em um cenário no qual a disputa pela atenção dos torcedores é cada vez mais acirrada, encher a camisa de um clube com logotipos pode parecer uma estratégia óbvia para as marcas. Porém, dados da Ilumeo, empresa especializada em inteligência de dados para o marketing, indicam que mais exposição nem sempre se traduz em maior retorno.
A pesquisa revela que, embora 60% dos torcedores não se incomodem com o excesso de patrocinadores nas camisas, isso não significa que essa prática seja a mais eficaz para gerar identificação ou engajamento com o público.
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Segundo o estudo, os torcedores lembram, em média, de apenas três marcas presentes nas camisas dos seus clubes. O patrocinador máster é lembrado por 51% dos entrevistados, enquanto o fornecedor esportivo vem em seguida, com 40% de recordação. Esses números evidenciam um fenômeno claro: o excesso de marcas pode gerar saturação visual, comprometendo a eficácia da comunicação e diluindo o valor de cada exposição individual.
“Cuidado para não confundir exposição de marca com retorno sobre investimento”, alerta o relatório. Ou seja, estar visível não é sinônimo de ser relevante. O estudo reforça que o simples ato de estampar um logotipo não basta — é necessário investir em estratégias de engajamento que promovam identificação emocional com os torcedores.
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Nesse sentido, 52% dos entrevistados afirmaram se identificar com as marcas que patrocinam seus clubes, e 66% continuariam consumindo produtos dessas marcas mesmo que passassem a patrocinar um clube rival, indicando que o relacionamento com o consumidor vai além da rivalidade no campo.
Marcelo Paciello, especialista em marketing esportivo, destaca a importância de ativar a sua marca usando os ativos do clube além de apenas colocar o logo no uniforme.
“Para as marcas não basta apenas ser patrocinador master sem ter um projeto de longo prazo alinhado com ações de engajamento para gerar maior reconhecimento da marca. Os dados demonstram que os torcedores lembram de apenas três patrocinadores, sendo que a maioria lembra do patrocinador máster e da marca do fornecedor do uniforme”, afirmou.
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Super Mundial da Fifa protegerá patrocinador máster
Curiosamente, o primeiro Super Mundial de Clubes vai respeitar as regras que os torcedores acompanham em todos os torneios da Fifa. Apenas um patrocinador máster e o fornecedor de material esportivo pode estar no uniforme dos participantes. Isso vai impactar diretamente os 32 clubes do torneio e, no Brasil, os que terão de fazer adaptações são Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Fluminense.
A regra serve para padronizar os uniformes e para proteger os patrocinadores da competição, uma vez que a Fifa faz ativações com quem coloca o dinheiro nos seus campeonatos. Mas, no fim, corrobora com o que diz o estudo da Ilumeo e os especialistas ouvidos pelo InfoMoney.
Para Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, a valorização das camisas com menos patrocinadores também atende a um desejo de tornar os torneios mais semelhantes ao padrão da Copa do Mundo, onde há uma clara limitação na quantidade de marcas expostas pela seleções.
“É razoável que queiram o deixar ao máximo parecido com o Mundial de seleções, e não somente no regulamento, mas também na máxima diminuição do número de marcas associadas aos clubes, valorizando a associação das marcas histórias deles com os patrocinadores do torneio”, afirma.
A visão de Freitas encontra eco nas palavras de Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt Sport, fornecedora de material esportivo para 11 clubes nas quatro divisões do futebol brasileiro. Segundo ele, a questão estética também pesa.
“O regulamento prioriza a estética e a padronização visual do torneio, resultando em camisas mais ‘limpas’ e alinhadas a um padrão internacional. Essa medida valoriza a identidade dos clubes e reforça a percepção de exclusividade do patrocinador máster, seguindo uma tendência de design mais minimalista no futebol”.
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