
O são-joanense Pablo de Barros, de 36 anos, ex-atleta de Cruzeiro, Vasco, Málaga e Zaragoza, é o novo treinador da categoria sub-15 do Sport Club Juiz de Fora, além de auxiliar técnico da equipe sub-17. Nesta temporada, o Verdão da Avenida está disputando o Regional de Base da Zona Mata e participará, também, do Campeonato Mineiro.
Essa será a primeira experiência do ex-volante e lateral como treinador, que teve a última partida como jogador no Oeste, em 2023. Ele chegou, ainda, a vestir as cores do Betim no ano passado, mas, por conta de dores, não continuou no elenco que disputou o Campeonato Mineiro. Depois disso, tirou a licença B da CBF para treinar nas categorias de base.
“Tenho a intenção de passar por todas as etapas. Quero viver cada uma com calma, aprender, formar atletas e só pensar em migrar para o profissional quando me sentir realmente pronto. Estou muito feliz de começar em Juiz de Fora, que é um celeiro de talentos. Confesso que fiquei impressionado com a qualidade dos atletas. Esperava encontrar jogadores ainda em formação, mas encontrei um grupo bem preparado. Isso tem facilitado muito meu trabalho”, diz ele, que, ainda quando adolescente, fez testes no Sport Club.

Carreira como atleta
A trajetória de Pablo no futebol começou em um projeto social em São João Nepomuceno, conduzido por José Luiz Pinho e Marco Aurélio Ayupe, hoje chamado de Núcleo Esportivo. A partir dessa base, ele passou a fazer testes em diversos clubes e se firmou no Olaria, do Rio de Janeiro. De lá, foi comprado pelo Vasco, clube em que estreou profissionalmente – e pôde jogar com Edmundo e treinar com Romário.
Ao longo da carreira, Pablo passou por diversos clubes. No Brasil, defendeu as cores de Vasco, Cruzeiro – onde jogou a Libertadores de 2011 -, Figueirense, América Mineiro, Tombense, Avaí, Fortaleza, São Bento, Operário e Botafogo-PB. No exterior, teve passagens pelo futebol espanhol, atuando pelo Málaga, Zaragoza e Nàstic. Ele ainda teve a chance de jogar contra jogadores como Lionel Messi, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Xavi e Neymar.
“Minha passagem pela Europa foi marcante. O futebol lá é muito evoluído taticamente. Na época, com 21 anos, confesso que eu não pensava em ser treinador. Essa vontade de seguir no futebol fora das quatro linhas surgiu após trabalhar com o Rogério Ceni no Fortaleza, quando fomos campeões da Série B no ano do centenário do clube. Ali, minha visão mudou. Comecei a estudar e a buscar conhecimento”, conta.
Conforme o ex-atleta, Rogério Ceni tinha uma abordagem tática diferente. “Ele me mostrava detalhes do jogo que ninguém antes havia me mostrado, como posicionamento corporal, formas de passar a bola e até o que fazer após o passe. Um cara extremamente estudioso, que passou um tempo na Inglaterra se preparando”. Além dele, Pablo cita Joel Santana e Givanildo de Oliveira como inspirações pela forma de gerir o grupo, lidar com pessoas e entender o vestiário.

Trabalho no Sport
Por meio de um amigo, Pablo foi colocado em contato com Diego Almeida e Ramon Oliveira, que estão à frente da gestão do Sport. “Tivemos algumas reuniões e tudo que eles apresentaram encaixava perfeitamente com o que eu acredito sobre futebol. O clube também tem dado um suporte excelente fora das quatro linhas. Contamos com uma estrutura que se aproxima bastante do futebol profissional, como sala de reunião, análise de vídeo, quadros táticos atualizados semanalmente, academia, testes físicos com uso de tecnologia e grupos de WhatsApp para comunicação constante com os atletas”, elogia.
Conforme o ex-jogador, a experiência que adquiriu em campo tem ajudado na aproximação com os atletas. “Sigo me capacitando com cursos, e a vivência prática me ajuda a transferir melhor para os meninos. Aqui no clube, temos uma cartilha que orienta o modelo de jogo de todas as categorias, com posse de bola e proposta de jogo. Mas acredito que o futebol é mais do que isso. Cada jogo tem sua história e, às vezes, é preciso adaptar, ser defensivo quando necessário. Tenho uma filosofia definida, mas não sou engessado, sei que é preciso se moldar ao contexto de cada partida”
Trabalhando com adolescentes, Pablo acredita que há necessidade de um cuidado especial com o lado mental. “Muitos têm 15 anos e já se preocupam com o futuro. Tento sempre conversar, contar minhas experiências, mostrar que o caminho pode ter altos e baixos. Recentemente, um jogador nosso fez um teste e não passou, ficou abatido, achando que era a última chance. Mas contei minha história: fui dispensado no Vasco e no Cruzeiro em testes, e anos depois esses mesmos clubes me contrataram. O futebol tem seus caminhos, e o importante é não desistir”, frisa.
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