Filme “Conclave” é fiel ao ritual da escolha de um Papa? Onde assistir no streaming?

O filme “Conclave”, que concorreu a 8 estatuetas do Oscar neste ano e foi premiado como o Melhor Roteiro Adaptado, é uma oportunidade para o público tomar conhecimento sobre as várias etapas que levam à escolha de um chefe da Igreja Católica após a morte de seu antecessor.

Embora com algumas licenças artísticas adotadas pelo roteiro, o thriller político passado dentro do Vaticano tem várias similaridades com o processo de votação real, segundo especialistas.

O filme, dirigido por Edward Berger, o mesmo diretor da refilmagem de “Nada de Novo no Front dois anos atrás, é baseado num romance do britânico Robert Harris publicado em 2016. A obra está disponível no Brasil e para streaming na Amazon Prime Video.

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Na história, a reunião é presidida pelo Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes), que precisa conduzir a votação que opõe forças progressistas, representadas por Bellini (Stanley Tucci), e conservadoras, com Tedesco (Sergio Castellitto). Também na disputa está Tremblay (John Lithgow). Segredos e embates trazem várias reviravoltas antes da escolha final.

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Para além do roteiro, chamou muita a atenção do público a preocupação dos realizadores com os rituais, locais e objetos de cena, além do figurino dos personagens.

Mas esses rituais retratados são mesmo fiéis a um conclave de verdade? No geral, o Reverendo Thomas Reese, colunista do Religion News Service e Ph.D. em Ciência Política pela Universidade de Berkeley, disse que sim à reportagem da NPR. Ele citou a reunião fechada sem contato com o mundo externo e as acomodações dos cardeais como exemplo.

Além disso, “o procedimento de votação foi muito bem feito”, disse Reese, citando que as urnas usadas eram réplicas perfeitas do que realmente é usado na queima das cédulas [de onde saem as fumaças preta e branca do Vaticano].

Já Massimo Faggioli, professor de teologia e estudos religiosos da Universidade Villanova, comentou ser muito difícil renderizar uma escolha dessa magnitude num filme. E daí que vem uma simplificação da política da igreja entre conservadores e progressistas que o roteiro mostra. “A coisa progressista/conservadora é muito mais fácil de apresentar e para o público acompanhar”, disse Faggioli em entrevista ao RNS. “Mas o conclave é sempre um monte de questões diferentes na agenda”, acrescentou.

Sobre a ambientação parecer muito próxima do real, o roteirista Peter Straughan disse ao jornal USA Today que sua equipe fez um tour privado pelo Vaticano. “Foi um grande projeto de pesquisa. É um mundo fascinante e teatral, então você quer acertar esses detalhes. É uma coisa muito suntuosa.”

No entanto, apesar de a maioria das filmagens terem acontecido em Roma — cidade repleta de edifícios incrustados em mármore de séculos passados similares aos oficiais da Igreja — não é permitido filmar dentro do Vaticano. Os interiores da Capela Sistina, por exemplo, foram recriados em estúdio, e até famoso teto pintado por Michelangelo é uma réplica gerada por computador.

Reese detectou alguma imprecisões, sendo a mais importante uma violação do sigilo da confissão que é usada na trama. Além disso, o filme mostra incorretamente os cardeais queimando cédulas após a primeira votação, em vez da segunda escolha do conclave, disse. Há “pecados” menores, como cardeais usando vestes de missa em vez de vestes de coro ao entrar na capela, e o uso do título “Pai” quando os cardeais se dirigem uns aos outros.

Talvez a maior falha encontrada é participação na votação de um cardeal “in pectore” (uma figura importante na trama). Na verdade, seu nome só poderia ser aceito caso tivesse sido oficialmente anunciado pelo Papa antes de morrer, o que não foi o caso no filme, disseram os especialistas.

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