Wilson Figueiredo deixa um legado para as novas gerações

Wilson Figueiredo morreu na noite de domingo (20/4), em casa, no Rio, aos 100 anos de idade, de causas naturais. Deixou quatro filhos e oito netos. O corpo será sepultado na terça-feira (22/4), no cemitério São João Batista, em Botafogo.

Nascido em Castelo, no Espírito Santo, sua família mudou-se para Minas Gerais, de início no interior e depois em Belo Horizonte. Lá ele começou o curso de Letras Neolatinas, mas não o concluiu. Logo começou a trabalhar no jornalismo, como redator e tradutor da Agência Meridional, que pertencia então ao jornal Estado de Minas, e foi secretário na Folha de Minas.

Como um dos idealizadores da revista Edifício, em 1946, o veículo deu nome a uma geração de escritores, entre eles Autran Dourado e Sábato Magaldi. São desta época dois livros de poesia que Figueiredo publicou – Mecânica do azul e Poemas narrativos – e mais tarde rejeitou. Em 1957, transferiu-se para o Rio e trabalhou na Última Hora e em O Jornal.

Seu pouso definitivo, onde conquistou notoriedade como jornalista, foi no Jornal do Brasil, por 45 anos. Começou como repórter, passou a editor, colunista, editorialista e finalmente, diretor, e o apelido de Figueiró, que ganhou nas redações, permaneceu com ele. Participou da reforma gráfica e editorial de 1959 – com Odylo Costa, filho, Jânio de Freitas e Amílcar de Castro –, o que teve repercussão internacional e mudou a maneira de se fazer jornal no País.

Também colaborou com as revistas Manchete e Mundo Ilustrado. Depois de se aposentar do Jornal do Brasil, aos 81 anos e ainda ativo, trabalhou para a comunicação corporativa na FSB, até 2002. Foi autor de Os Mineiros – Modernistas, Sucessores & Avulsos; 1964: o último ato; e De Lula a Lula. Aos 88 anos, lançou a biografia E a vida continua: a trajetória profissional de Wilson Figueiredo. Na ocasião, brincou sobre o longo tempo na profissão: “Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí”.

No obituário publicado em O Globo, um jornal em ele não trabalhou, está: “A morte de Wilson Figueiredo representa o fim de um capítulo importante do jornalismo brasileiro. Um profissional cuja trajetória se confunde com a própria história da imprensa no Brasil, e cuja voz, lúcida e poética, deixa um legado que atravessa gerações”.

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