Apostas de longo prazo: 12 ações baratas da Bolsa, segundo gestoras

Índice Ibovespa (Germano Lüders/InfoMoney)

Analistas e gestores de renda variável vêm dizendo, há algum tempo, que a Bolsa brasileira está cheia de ações baratas. Mesmo com a recuperação do Ibovespa no ano, saindo de 120 mil pontos para os atuais 129 mil pontos, os agentes do mercado ainda veem papéis longe do preço justo, o que representaria uma oportunidade para investidores mais arrojados, que topam comprar ativos de risco em momentos de turbulência. 

“Ainda há boas oportunidades na renda variável pensando no médio a longo prazo”, diz Carlos Müller, sócio da Garoa Wealth Management. “As empresas de qualidade seguem com bons resultados e estão ficando proporcionalmente mais baratas”, explica. 

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Essas empresas de qualidade serão as primeiras a ganhar valor quando o mercado passar por uma reprecificação, espera Fernando Camargo Luiz, sócio fundador e gestor da Trópico Investimentos. Ele diz que “atualmente, muitas dessas oportunidades estão disponíveis a preços extremamente atrativos”. 

Luiz e outros três gestores listaram ações que consideram baratas atualmente e explicaram os motivos para esperar valorização de médio a longo prazo nos papéis. Confira as 12 ações baratas destacadas: 

C&A (CEAB3)

Não é de hoje que uma visão pessimista do mercado para o varejo afeta as cotações das empresas do setor. Mas, para João Mamede, gestor de equity da AZ Quest, ainda é possível encontrar “um ou outro papel com uma dinâmica micro interessante e com valuation razoável”. É o caso da C&A, segundo o especialista. 

Mamede avalia que a varejista de vestuário tem performance melhor do que a sua principal concorrente, a Renner (LREN3), em termos de crescimento, e tem preço considerado “razoável”, o que deixa a gestora mais animada com o papel.

Vivara (VIVA3)

Em outro segmento do varejo, a AZ Quest destaca a Vivara. As ações caem pouco mais de 12% nos últimos 12 meses até a quinta-feira (17), mas a companhia tem bons fundamentos e valuation interessante, segundo João Mamede. 

O gestor pondera que múltiplos mais enxutos no varejo não significam ações baratas e a desvalorização do setor nos últimos anos é justa, refletindo piora nos fundamentos com juros altos e renda pressionada. 

JBS (JBS33) 

A justificativa de João Mamede para a inclusão da JBS na lista está nos planos da companhia para listagem nos Estados Unidos. Ele explica que, historicamente, o setor de proteínas tem múltiplos mais baixos, mas uma estreia nos EUA é um gatilho que pode fazer a ação se valorizar. 

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“Pode haver uma reprecificação do papel para um nível mais alto”, projeta o gestor. Um dos fatores que faria a ação subir é o acesso da companhia a um número muito maior de investidores ao estar no mercado acionário americano, o que ajuda no financiamento da operação. 

Desktop (DESK3)

Esta é “uma das empresas mais baratas da Bolsa”, segundo Fernando Camargo Luiz, da Trópico Investimentos. Ele explica que a provedora de internet ainda não gera caixa operacional, mas isto é “uma questão de tempo”, já que é um efeito das aquisições feitas pela companhia. Luiz diz que a empresa tem “expansão garantida pela frente’. 

Copel (CPLE6)

A empresa de energia deve anunciar uma nova política de dividendos em maio, com projeções que sugerem distribuição de até 100% dos lucros e ainda mantendo o indicador de Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) abaixo de 3x.

“Negócio bom, regulado, empresa boa, bem gerida e previsível”, diz Luiz. O gestor completa: “o retorno é bom e payout (lucro distribuído aos acionistas) é excelente; olhando todos esses fatores, não há motivos para tomar riscos”. 

Cemig (CMIG4)

Outra empresa de energia é apontada como barata pelo gestor da Trópico. Os destaques da gestora são: alavancagem baixa, de 1,3x dívida líquida sobre Ebitda ajustado, lucro de R$ 998 milhões em 2024, mesmo com queda no faturamento, perdas cambiais e impacto negativo da participação em Belo Monte, e dividend yield de 14% no ano passado. 

Allos (ALOS3)

A Trópico destaca resultado “sólido” da administradora de shoppings no quarto trimestre de 2024, com crescimento nas vendas, aumento na ocupação e “forte” geração de caixa. Fernando Camargo Luiz elogia a taxa de capitalização (média de retorno de um imóvel) de 18% da Allos, enquanto a média para o setor é de 7%, segundo o gestor. 

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“Há fundos imobiliários de shoppings com ativos caros, financiando as compras com ofertas, enquanto quem entende do assunto de fato e vende está negociando a 18% de taxa de capitalização, pagando um monte de dividendo e gerando caixa de verdade”, diz o especialista. “Para mim, Allos é um investimento óbvio”. 

Bemobi Mobile Tech (BMOB3)

A empresa carioca foca na distribuição e monetização de aplicativos, games e serviços digitais móveis para países emergentes, mas vinha sendo comparada com companhias de telecomunicação por alguns analistas, segundo Luiz, o que “fez com que a ação se desvalorizasse muito”. No entanto, com aumento de 11% na receita líquida em 2024 e de 15% na geração de caixa, “seu desempenho tem sido notável”. 

Ânima (ANIM3

A Hike Capital espera um avanço para R$ 1 bilhão no fluxo de caixa livre ao acionista da companhia em 2026, o que representaria um retorno de 100%, já que o valor das ações na Bolsa somam R$ 1 bilhão atualmente. O cálculo é de Ângelo Belitardo, gestor da Hike, que enxerga o retorno com potencial de “induzir um processo de valorização bem agressivo para as ações” da empresa de educação. 

Vamos (VAMO3)

Para Belitardo, o preço atual das ações da locadora de caminhões não reflete o “forte ganho de escala” da companhia, mensurado pelo avanço de mais de 10 pontos percentuais na margem Ebit desde 2020. O gestor diz que a empresa vem focando na redução da alavancagem após adquirir dívidas para crescer. Esse movimento, segundo ele, vai permitir um ganho de escala do negócio e “destravar um valor significativo em suas ações”. 

Pague Menos (PGMN3) e Panvel (PNVL3

Ao comentar o setor de farmácias, Ângelo Belitardo coloca as duas companhias como opções melhores às concorrentes Raia Drogasil (RADL3) e d1000 (DMVF3) em termos de múltiplos. “Ambas apresentaram melhora na geração de caixa, no ciclo de conversão e na estrutura de custos, apresentando fortes ganhos de margens”, analisa. 

A avaliação das varejistas como ações baratas vem de um risco precificado recententemente de venda de medicamentos genéricos nos supermercados, o que o gestor da Hike não considera provável. “Em um cenário de melhora nos juros, são companhias que apresentarão um rápido crescimento no caixa e lucro”. 

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