Starlink de graça no celular? Estamos bem longe disso, ao menos no Brasil

Resumo
  • T-Mobile e Starlink lançaram serviço D2C nos EUA, permitindo comunicação direta entre smartphones e satélites sem rede móvel tradicional.
  • No Brasil, barreiras regulatórias impedem funcionamento semelhante porque a Anatel exige autorização para tal serviço, que as atuais operadoras não têm.
  • D2C é visto como complemento à rede terrestre no Brasil e a Anatel testa possibilidades, mas as faixas de satélite usadas nos EUA não estão disponíveis aqui.

Imagine pegar seu celular, apontar para o céu e ter acesso gratuito à internet por meio da constelação da Starlink, provedor de Elon Musk. Te parece bom demais para ser verdade? Então você está certo: essa possibilidade não existe atualmente no Brasil.

Mesmo assim, diversos sites têm noticiado a liberação do serviço de graça da Starlink diretamente no smartphone dos consumidores. Eles se baseiam em novidades do mercado dos Estados Unidos, onde, de fato, a operadora T-Mobile oferece o serviço por meio de uma aliança com a Starlink. No entanto, isso não vale para o Brasil.

O que é D2C?

Primeiro, precisamos entender o que é a tecnologia Direct to Cell, também apelidada de D2C. Ela permite a comunicação direta entre um smartphone e um satélite, sem depender de uma rede móvel tradicional. Essa tecnologia está em desenvolvimento nos últimos anos, com forte interesse das empresas de telecomunicações.

A realidade é que o D2C serviria como uma camada adicional de conectividade, para quando o cliente não possui nenhuma rede móvel ou Wi-Fi por perto. Ele possibilita, por exemplo, que os usuários de iPhone enviem mensagens de texto mesmo quando estão em lugares sem cobertura da rede de dados.

O benefício do D2C é oferecer conexão onde ela não existe.

A gigante das telecomunicações T-Mobile se uniu à Starlink para fornecer o acesso à rede de satélites diretamente no smartphone. Existem vários critérios de elegibilidade, como o modelo de celular e o plano contratado. Feito isso, porém, o consumidor, em tese, pode usar o sinal da Starlink sem pagar a mais – ao menos no período promocional. O projeto está em beta no momento.

Isso não vale para o Brasil porque o arranjo de funcionamento no país teria de ser outro. O conselheiro substituto da Anatel, Vinicius Caram, nos explica que as normas do país exigem que uma prestadora de telecomunicações solicite a autorização da agência para o serviço. Não existe nada assim na Claro, TIM ou Vivo.

A Starlink não poderia, por conta própria, fornecer o sinal para os smartphones. Cabe lembrar que ela atua como um provedor de internet e utiliza antenas próprias para conectar os clientes à constelação de satélites.

Ainda de acordo com Caram, o D2C é encarado no Brasil como um complemento para a rede terrestre – os tradicionais sinais de 3G, 4G, 5G. A própria agência tem realizado testes dentro do chamado sandbox regulatório. No entanto, hoje não é possível conceder autorizações de longo prazo, pois as faixas usadas pelo serviço de satélite no exterior não estão disponíveis para este fim.

Caram ressalta que seria possível utilizar faixas das bandas L e S, que atualmente são dedicadas para os serviços tradicionais de satélite. Trata-se de outro arranjo e outra tecnologia, bem distantes do que a T-Mobile e a Starlink estão fazendo no mercado americano.

Starlink de graça no celular? Estamos bem longe disso, ao menos no Brasil

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