
Resultados neutros, com preços mais fracos na divisão de ferrosos, mas com volumes mais fortes e custos sendo destaques positivos. Assim foi a visão geral do mercado sobre os resultados da gigante de mineração Vale (VALE3), divulgado na noite da última quinta-feira (24).
A mineradora teve queda de 17% do lucro líquido no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, quando preços mais baixos do minério de ferro ofuscaram ganhos com maiores vendas e redução de custos. A companhia teve lucro líquido de cerca de US$ 1,4 bilhão no trimestre encerrado em março, enquanto analistas consultados pela LSEG esperavam lucro de US$1,68 bilhão.
O preço médio realizado dos finos de minério de ferro da Vale foi de US$ 90,80 por tonelada no trimestre encerrado em março, queda de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior, como resultado de preços de referência 16% mais baixos, segundo a empresa.
Com isso, o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou US$ 3,1 bilhões entre janeiro e março deste ano, recuo de 9% ante o mesmo período de 2024, em linha com o esperado por analistas de US$ 3,16 bilhões.
“Os resultados mais fracos na comparação anual na divisão de ferrosos, com preços realizados mais baixos do minério de ferro, mais do que neutralizaram os volumes mais fortes e os custos mais baixos”, disse o Itaú BBA em nota a clientes, adicionando que o desempenho de custos foi o destaque.
A XP Investimentos destacou em relatório que a mineradora reportou resultados neutros no 1T25, com Ebitda 4% acima do que projetava e 1% além do consenso.
Com os números operacionais já reportados, os analistas da casa observam: (i) um desempenho melhor na divisão de transição energética da Vale, refletindo maiores preços realizados e receitas de subprodutos na divisão de Cobre e recuperando resultados na divisão de Níquel; e (ii) um sólido desempenho de custos em Soluções de Minério de Ferro da Vale, com custos C1, da mina ao porto, a tonelada (t) em US$ 21/t (-4% versus a projeção da XP, -11% na base anual e +12% trimestre a trimestre), com a empresa reiterando seu guidance para C1 de US$ 20,50-22,0/t esperado para 2025 (com custos de produção C1 de US$ 23,1/t no 1T25, -7% ano a ano).
“Em suma, reiteramos nossa recomendação neutra para Vale com um upside [potencial de valorização] limitado, embora vejamos uma assimetria positiva nos preços atuais da VALE3“, avaliam os analistas da XP.
O Bradesco BBI ressalta que, na comparação com o 4T24, o Ebitda ajustado ficou 22% menor em relação ao trimestre anterior, ainda que em linha com o consenso e a projeção do banco.
Para a instituição, apesar dos resultados sequencialmente mais fracos, em grande parte explicados por volumes de minério de ferro sazonalmente mais fracos (com chuvas fortes no Sistema Norte, por exemplo) e preços ligeiramente mais baixos, a empresa continua apresentando melhorias operacionais em relação ao ano anterior.
O banco reforça que a Vale tem consistentemente alcançado reduções de custos, com seu custo caixa C1 (excluindo compras de terceiros) caindo na casa dos dois dígitos em relação ao ano anterior. Em relação à sua divisão de Metais Básicos, a Vale apresentou resultados consistentes, entregando um Ebitda relativamente estável em relação ao trimestre anterior, apesar da sazonalidade mais fraca.
De fato, os custos totais do cobre caíram substancialmente 63% em relação ao ano anterior, para US$ 1.212/tonelada, refletindo o forte desempenho operacional e a maior receita de subprodutos, enquanto os custos totais do níquel (ajustados pelo PTVI) também caíram 4% em relação ao ano anterior.
A mineradora reportou uma geração recorrente de caixa de US$ 504 milhões, enquanto sua dívida líquida expandida aumentou US$ 1,8 bilhão, para US$ 18,2 bilhões, refletindo os dividendos/JCP pagos no trimestre.
Assim, o BBI, embora esperasse uma reação neutra do mercado a esses resultados amplamente em linha com as expectativas, acolhe com satisfação as melhorias da empresa em termos de desempenho operacional/de custos.
“Também destacamos que, apesar da fraca geração de caixa no 1T25, esperamos que esse fluxo acelere nos próximos trimestres. Além disso, a recém-anunciada joint venture Aliança Energia –da qual a Vale deverá receber US$ 1 bilhão até o final do ano –também deve apoiar os esforços para manter a dívida líquida expandida mais próxima do ponto médio da faixa-alvo de US$ 10 a 20 bilhões”, aponta o BBI, reafirmando recomendação de compra para VALE3, com múltiplos atrativos.
João Daronco, analista da Suno Research, também aponta que o destaque do trimestre foi a parte de metais para transição energética, que apresentou um crescimento robusto no Ebitda ajustado, impulsionado principalmente pelo cobre, que praticamente dobrou seu resultado no trimestre quando comparado com o 1T24.
“A estrutura de capital segue saudável, gerando caixa no trimestre e mantendo seus investimentos… em linhas gerais, entendo que são resultados bons, dado o cenário desafiador do minério de ferro”, aponta Daronco.
Conforme aponta a Genial Investimentos, o resultado não é cativante, mesmo que a companhia tenha apresentado ganhos de eficiência. De qualquer forma, segue com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 61,50 para os ativos VALE3, apontando que, do ponto de vista fundamentalista, continua a acreditar que a companhia está descontada.
“Ressaltamos que nosso modelo implica numa projeção de curva 62% Fe (de pureza) de minério de ferro que ainda considera os efeitos de uma tarifa de 145% sobre produtos chineses além do corte de produção de aço bruto que será implantada pelo Governo chinês no 2S25. Avaliamos que ainda é muito cedo para alterarmos as nossas premissas, diante da alta volatidade derivada do noticiário envolvendo a Guerra Comercial”, avalia a casa.
O BTG Pactual também reconhece os desenvolvimentos positivos recentes na tese de investimento da Vale, como a melhora no minério de ferro, a redução dos custos caixa C1, os avanços relacionados à Samarco, algum progresso nas unidades de metais básicos e melhorias institucionais. No entanto, opta por aguardar maior clareza sobre o ambiente macro antes de fazer alterações relevantes.
“Além disso, a história macro da China permanece vulnerável (especialmente com a escalada da guerra comercial), o que adiciona pressão em todo o complexo siderúrgico e cria desafios para os preços do minério de ferro”, aponta, com o banco ainda tendo dificuldade em enxergar um upside relevante no valuation.
“Antecipamos novas revisões negativas para a companhia no segundo semestre de 2025, à medida que os investidores ajustem para um ambiente de preços de minério de ferro mais fraco à frente (o BTG modela preços de US$ 95/t para 2025 versus cerca de US$ 100/t spot e US$ 85/t para 2026)”, aponta a equipe de análise.
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