Governo mostra preocupação com formação de médicos: como pode afetar ações da Bolsa?

O Ministério da Educação (MEC) anunciou, na última quarta-feira (23), a criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), uma avaliação obrigatória para todos os estudantes de medicina concluintes, que tem por objetivo medir a qualidade dos cursos de medicina no país.

Diferente do modelo anterior, em que o exame era realizado a cada três anos, o Enamed será realizado anualmente e será obrigatório para todos os alunos formandos. Os resultados poderão ser utilizados no exame nacional de residência (Enare) e devem aumentar o engajamento dos estudantes, uma vez que o Enamed substituirá a parte teórica do exame de residência. O Enamed terá início ainda este ano, com previsão de ser realizado em outubro.

O Bradesco BBI acredita que o anúncio reflete a crescente preocupação do Governo com a qualidade dos cursos de medicina, especialmente após a forte expansão da oferta nos últimos anos.

Além disso, segundo o banco, a mudança pode abrir caminho para a implementação de um exame de proficiência para o exercício da medicina, nos moldes do exame da OAB para advogados (o Projeto de Lei 2.294/2024, que trata dessa possibilidade, está em discussão no Congresso).

“Se aprovado, esse exame poderá impactar negativamente as faculdades privadas de medicina, devido à possível redução no retorno financeiro dos cursos e, consequentemente, nas mensalidades (alguns alunos podem não obter a licença médica, ter uma remuneração menor ou demorar mais para iniciar a carreira)”, explica o BBI.

De acordo com relatório, as empresas mais expostas aos cursos de medicina são Afya, Ânima (ANIM3) e Yduqs (YDUQ3), com o segmento representando aproximadamente 85%, 60% e 35% de seus respectivos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) — enquanto o da Cogna (COGN3) é de cerca de 10%.

O BBI ainda lembra que 73% dos cursos de medicina da Ânima e 56% da Yduqs foram avaliados como insatisfatórios (notas 1 e 2) no último exame do Enade, em 2023. O resultado ficou bem acima da média de 37% do setor privado com fins lucrativos, enquanto a Afya teve 30%, e 6% das escolas públicas foram mal avaliadas.

Por outro lado, o banco comenta que uma nota insatisfatória no exame em si tem implicações limitadas para uma empresa e está principalmente relacionada à expansão de vagas.

Além disso, o Enade também faz parte do indicador mais amplo do curso, o CPC (conceito preliminar do curso), que inclui a qualificação dos professores (doutorado e mestrado), infraestrutura para aulas práticas (avaliadas pelos alunos) e o progresso dos alunos durante o curso (IDD). Se avaliado negativamente de forma recorrente, um curso pode perder acesso aos programas FIES e Prouni e, eventualmente, ser encerrado.

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