
Meu avô materno morreu pelo câncer que teve. Cuidar da saúde não fez parte do seu roteiro de vida, assim como eu posso imaginar, ter essa rotina com o autocuidado não fez parte da rotina de vida da maioria de seus amigos e fregueses que não saíam de sua venda, onde a conversa vinha sempre acompanhada por algumas doses de cachaça, misturadas com diversos tipos de ervas, plantas medicinais. Se essas pajelanças faziam bem à saúde deles, eu não posso afirmar. Mas, que com certeza, elas faziam bem para animar a prosa que se estabeleciam entre eles, e ajudavam para esquentar a guela dos participantes no jogo de marimbo, que era o ponto alto desses encontros, isso eu não tenho dúvidas.
Esse relato inicial onde busco pela memória, a vivência do meu avô em relação ao descuido com a sua saúde, me traz para a realidade atual, de hoje, de que esse comportamento ainda está presente no mundo masculino. É importante registrar aqui que com as necessárias e importantes campanhas de saúde (elas) têm contribuído para o aumento da procura de serviços médicos por nós, homens. Mas é nítido que as mulheres vão mais aos serviços de saúde do que os homens. Observo esse comportamento no dia a dia do trabalho com as pessoas idosas. E geralmente quem leva ou quem vai aos consultórios com os homens são as mulheres, esposas, filhas e netas.
Esse é um traço cultural que precisa mudar. Eu por dever de ofício profissional tenho procurado cuidar um pouco mais da minha saúde. Vivendo o meu envelhecimento busco fazer em mim o que falo para os outros fazerem. Prática de atividades físicas? Tenho feito regularmente. Atenção ao que eu como e bebo? Busco orientação de uma profissional da área, até para me ajudar a perder peso e sair dos três dígitos numéricos da balança. Como é difícil! Mas não desisto. Outras mudanças de hábitos e estilo de vida que acompanho na literatura especializada, eu procuro desenvolver: ter um sono reparador; cuidar da saúde mental; realizar ações, por menores que sejam, e por mais bobas que possam parecer; que me enchem de satisfação e alegria na convivência com pessoas amigas, como jogar futebol aos sábados.
Chega em um momento da vida da gente que a gente precisa rever as nossas rotinas e os nossos modos de viver a vida. Ao trabalhar com o envelhecimento das pessoas eu fico de olho no meu próprio modo de envelhecer. O que para mim é um grande privilégio, uma oportunidade de ouro. Reconheço que há os percalços do caminho. Mas desejo continuar construindo um patrimônio de saúde que me permita ficar em pé por muito tempo.
E te convido, caro leitor e leitora, a fazer com que a passagem do tempo seja uma conquista e uma possibilidade para o alcance de novos propósitos e sentidos na vida. Como diria o médico gerontólogo Alexandre Kalache, “envelhecer é bom, morrer cedo é que não presta”. Mudar o estilo de vida é possível, claro que é. E pode ser feito agora. Em qualquer tempo e em qualquer idade. Podemos começar já.
Quantos exemplos e mais exemplos nós temos não somente nas redes sociais, mas, de pessoas que fazem parte do nosso cotidiano. Gente que parou de fumar. Gente que começou um programa de treinamento físico em academia. Gente que está cuidando de sua alimentação sob orientações de nutricionista. Gente que está fazendo psicoterapia. Gente que mudou pra valer seu estilo de vida em vários aspectos: físicos, sociais, emocionais, espirituais e financeiros. E estão se sentindo bem melhores. É o que vale.
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