
O pastor Valdinei Ferreira foi demitido da Fatipi (Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil) após a publicação de um artigo na Folha de S.Paulo, no qual propôs a reflexão: “Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas?”. O texto gerou polêmica nas redes sociais e provocou forte pressão interna na instituição, resultando em seu desligamento.
No artigo, o religioso citou o teólogo Jean-Yves Leloup e evangelhos apócrifos para sugerir que Judas Iscariotes poderia ter agido a pedido de Jesus. Segundo ele, o objetivo era humanizar a figura de Judas, e não absolver seus atos.
Doutor em Sociologia pela USP, Valdinei é pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Sua carreira sempre foi marcada por trazer debates teológicos para o meio evangélico. Ele também atua como palestrante e escritor. Em seu perfil no Instagram, conta com pouco mais de 2.700 seguidores.
Ferreira já se envolveu em outras polêmicas. Em 2022, durante entrevista ao Globo, comparou o “exibicionismo de armas” à pornografia, gerando reações no meio religioso.
“À luz da ética bíblica, faço a seguinte comparação: o exibicionismo de armas é equivalente à pornografia. Cristãos sempre foram contrários à pornografia. Armas são o exibicionismo da violência, a distorção do uso da força, assim como a pornografia é a distorção da sexualidade”, afirmou.
“No caso do ‘familismo’ bolsonarista, trata-se de uma ostentação da violência, pornográfica, mascarada de um suposto amor à família. As armas não protegem as famílias, mas tiram vidas dentro dos lares”.
Sobre a demissão do teólogo, a FECP (Fundação Eduardo Carlos Pereira), mantenedora da Fatipi, afirmou que o desligamento ocorreu após uma “avaliação regular” do trabalho do docente, e foi comunicada como sendo “sem justa causa”.
A fundação também ressaltou que as opiniões expressas em publicações são de responsabilidade exclusiva dos autores, caso feitas sem autorização institucional.
O pastor, no entanto, atribui sua dispensa à repercussão negativa de seu texto, especialmente após interpretações distorcidas feitas por figuras públicas como Filipe Sabará, que divulgou em suas redes a falsa ideia de que Ferreira teria chamado Jesus de traidor. “Fui carimbado como herege”, declarou à Folha.
Estudantes do curso de teologia da Fatipi divulgaram uma carta em apoio ao professor, destacando sua excelência acadêmica, ética pastoral e compromisso com os valores cristãos. Segundo o documento, a saída do docente gerou surpresa e apreensão entre os alunos.
Ele também comentou sobre o caso em vídeo publicado no sábado (26).
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