Juros futuros perdem força na reta final em novo dia de queda do dólar

SÃO PAULO (Reuters) – Em uma segunda-feira de liquidez menor, as taxas dos DIs sustentaram ganhos durante boa parte da sessão, mas na reta final se enfraqueceram e encerraram com leves perdas em alguns vencimentos, com parte dos investidores fechando posições do dia em meio à queda do dólar e dos rendimentos dos Treasuries.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,66%, ante o ajuste de 14,636% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 13,9%, estável ante o ajuste de 13,901%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,93%, em queda de 3 pontos-base ante 13,957% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,03%, ante 14,076%.

Em uma semana curta no Brasil em função do feriado de quinta-feira (Dia do Trabalhador), a liquidez menor no mercado de DIs chamou a atenção nesta segunda-feira.

Investidores estiveram atentos às declarações de autoridades da área econômica em evento em São Paulo, mas conforme profissionais ouvidos pela Reuters as falas pouco influenciaram a curva a termo.

Em evento promovido pelo J.Safra, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil pode fazer uma troca em vetores de crescimento econômico, com menor impulso fiscal e mais investimentos privados. Segundo ele, a economia brasileira tem tudo para ser impulsionada pelo consumo das famílias e pelos investimentos das empresas.

“Não precisamos de impulso maior do que esse para crescer, pelo contrário, acho que esses são os impulsos corretos para crescer com sustentabilidade”, defendeu.

No mesmo evento, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autarquia precisa reunir confiança de que a inflação está convergindo para a meta e que a política monetária está produzindo os efeitos desejados. Ele ressaltou que não há uma variável única que vá dar essa segurança e é preciso reunir uma diversidade de dados.

“A gente está bastante incomodado com a questão das expectativas (de inflação), que continuam bastante desancoradas. A gente quer entender por quanto tempo e em que patamar a gente precisa deixar a taxa de juros para atingir a meta”, afirmou.

Sem novidades nos discursos de Haddad e Galípolo, houve certa continuidade do movimento de sexta-feira, de alta das taxas dos DIs. Alguns vértices chegaram a exibir avanços de 10 pontos-base, mas o movimento esmoreceu antes do fechamento, com agentes fechando as posições do dia.

O novo recuo do dólar ante o real — o sétimo consecutivo — também pesou sobre as taxas, em meio à percepção de que o câmbio pode permitir que o BC leve a cabo uma política monetária não tão rígida para controlar a inflação.

No boletim Focus divulgado pela manhã pelo BC, a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2025 caiu de 5,57% para 5,55%. No caso de 2026, subiu de 4,50% para 4,51%. Em ambos os casos as projeções seguem distantes do centro da meta de inflação perseguida pelo BC, de 3%.

Neste cenário, na sexta-feira — atualização mais recente — o mercado de opções de Copom da B3 precificava 62% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 56% na véspera), 32% de chances de alta de 25 pontos-base (ante 34,50%) e 4,50% de possibilidade de manutenção (6,00% na véspera).

Para o encontro seguinte, em junho, as apostas caminhavam nas últimas sessões para a manutenção: as opções precificam 59,50% de chances de manutenção da Selic, 25,50% de possibilidade de aumento de 25 pontos-base e 9,50% de chances de elevação de 50 pontos-base.

No exterior, em meio à expectativa pela divulgação de uma bateria de dados econômicos dos EUA ao longo da semana, os rendimentos dos Treasuries tinham perdas firmes no fim da tarde. Às 16h45, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 5 pontos-base, a 4,214%.

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