O edital da contratação semi-integrada da licitação para a retomada das obras no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) foi publicado nesta segunda-feira (28). O valor estimado do trabalho é de R$ 234 milhões, com todos os recursos garantidos via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), responsabilidade do Governo federal. A licitação abre em 3 de julho de 2025, mesmo mês em que está previsto o início dos trabalhos, com o prazo divulgado para a execução de 36 meses.
Os anúncios foram feitos durante coletiva de imprensa na própria universidade. Estavam presentes a reitora da UFJF, Girlene Alves; a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT); o presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro – de forma remota; o superintendente do HU, Dimas Araújo; e a deputada federal Ana Pimentel (PT).
Ainda no que diz respeito à verba envolvida, foi informado que houve um compromisso, assumido por parte da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, de publicar, em breve, um plano de trabalho para o repasse de R$ 88.256.910, para a aquisição de parte dos equipamentos. Conforme Arthur Chioro, o recurso não atende toda a demanda, mas garante parte significativa dos equipamentos necessários para a implantação das primeiras fases. Inclusive, o presidente da Ebserh afirma que teve contato recente com o presidente Lula (PT) e outros ministros, que fazem questão de estarem presentes em Juiz de Fora para assinar a ordem de serviço do início efetivo das obras.
Girlene Alves celebra o lançamento destacando a importância do hospital tanto para Juiz de Fora, como para a micro e para a macrorregião. “É um lugar não somente da produção do cuidado em saúde, mas também da formação, que fortalece e tem colocado o Sistema Único de Saúde (SUS) como uma possibilidade real do povo brasileiro ter acesso à saúde. Além de, no conjunto das responsabilidades da universidade, servir como espaço para formar novos profissionais com a qualidade que desejamos.”
Obra paralisada desde 2015
A obra foi iniciada em 2012 e está paralisada desde 2015. Questionada a respeito de um percentual de avanço dos trabalhos até o momento, a reitora diz que é difícil de responder, já que a estrutura precisa ser reavaliada. “Quando olha de fora, você vê as paredes todas levantadas. Entretanto, os outros projetos ainda precisavam ser finalizados, como hidráulico e elétrico. Além disso, ainda é importante pensar nas novas demandas e na inclusão. O importante não é refletir em que etapa está, mas que ela será concluída, sem diminuir seu impacto”, ressalta.
No mesmo tom, Margarida Salomão ressalta que o HU é, “sem dúvidas, uma peça fundamental para que a população tenha acesso ao direito à saúde de qualidade na macrorregião de Juiz de Fora”. “Como ex-reitora, é uma felicidade que possa ser dada continuidade a um trabalho iniciado há tantos anos. É um ciclo que chega a um final feliz.” A prefeita também enfatiza o impacto econômico. “Vamos criar empregos na obra, com a injeção de recursos. É muito importante para a geração de renda e os negócios na cidade.”
Em 8 de fevereiro de 2024, foi assinada a ordem de serviço para a retomada das obras do HU-UFJF. Na ocasião, foi direcionado para esse fim investimento de R$ 179 milhões, por meio do PAC. Naquele momento, o prazo de conclusão do Bloco E do complexo era 2026, entendendo que variações poderiam ocorrer, devido a questões burocráticas do projeto. Entretanto, apenas agora o trabalho parece avançar rumo a uma conclusão.
Nova estrutura do HU
Durante a coletiva, Arthur Chioro apresentou, com detalhes, a nova estrutura do HU da UFJF. “Hoje, a Ebserh é formada por 45 hospitais universitários, com a possibilidade de implantar dez novos – dentre eles, dois destinados a substituir unidades hospitalares que funcionam em prédios alugados: como é o caso de Pelotas-RS e Juiz de Fora.
Ao lançar o edital, o presidente da Ebserh afirma que foi necessário realizar estudos para avaliar as condições em que se encontra a infraestrutura das obras paralisadas, simultaneamente a repensar o projeto de ocupação da área física a partir das novas necessidades. Segundo ele, serão 13 pavimentos com 38 mil metros quadrados de área construída. Também foi definida a necessidade de incluir serviços de internação hospitalar para leitos clínicos, cirúrgicos, pediátricos e obstétricos, bem como Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) adulto, coronariana, infantil e neonatal.
Haverá, ainda, um robusto centro cirúrgico com “capacidade de absorver cirurgias de alta complexidade”, pronto atendimento clínico adulto e pediátrico “referenciado” – sem porta aberta no pronto socorro: recebe a demanda encaminhada de forma regulada pela Secretaria Municipal de Saúde -, além do obstétrico (esse de porta aberta), e maternidade classificada como “moderna, qualificada e humanizada, com centro de parto normal com selo cirúrgico obstétrico de primeira categoria”.
Quando implantado, o Hospital contará com 377 leitos, sendo 310 operacionais e 67 complementares. Dos operacionais: 25 são para Neonatologia, 25, Obstétricos, 102 de internação clínica, 73 de internação cirúrgica, 25 de internação pediátrica, 40 de UTI adulto, dez de UTI pediátrica e dez de Transplante de Medula Óssea. Dentro da estrutura assistencial e de apoio, serão instaladas dez salas cirúrgicas, incluindo cirúrgicas obstétricas, de hemodinâmica, centro de diagnóstico por imagem, de laboratório de análises clínicas e agência transfusional.
A Tribuna questionou a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais a respeito de uma fala do governador Romeu Zema (Novo), que já havia afirmado que o investimento que inicialmente seria feito no Hospital Regional seria destinado, em partes, ao HU-UFJF. Demandada se essa verba se refere aos mais de R$ 88,2 milhões, a pasta não enviou esclarecimentos até o fechamento desta edição.
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