Posição de ministro Carlos Lupi é insustentável 

editorial

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, fez um mea culpa, mas nada garante que ele deva permanecer no Governo. A magnitude do escândalo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) torna a sua posição insustentável, sobretudo ante o fato de o problema já ter sido apontado há algum tempo, sem que qualquer providência fosse tomada.

  Responsável pela indicação de Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS, ele sequer afastou o dirigente a despeito de todas as denúncias envolvendo o rombo de mais de R$ 6 bilhões no caixa da Previdência. A demissão só se consumou após o presidente Lula exigir que ela fosse implementada diante da repercussão do caso.

  A saída do dirigente ocorreu após a Polícia Federal deflagrar a Operação Sem Desconto, que investiga esquema que descontava mensalidades direto da aposentadoria, sem o conhecimento de aposentados e pensionistas. Os números são provisórios, pois a PF já antecipou que a operação está apenas começando.

  Se na fase inicial já foi detectado um rombo tão expressivo, é de se imaginar que muita coisa ainda virá à tona, colocando em xeque o próprio Governo, uma vez que, ao fim e ao cabo, o INSS está em sua estrutura, e o ministro responde diretamente ao presidente.

  É fato que o saque não começou no atual mandato, mas não há margem para olhar para trás quando o dano permanece. Daí, o presidente terá que entrar em campo e conter os danos sob o risco de ver seu prestígio, que já anda baixo, despencar mais ainda. A oposição se encarregará dessa questão.

  Os saques nas contas de pensionistas e aposentados foram tão bem elaborados que levaram anos para sua detecção. As vítimas, a maioria na faixa do salário mínimo, cediam seus dados ou davam autorização na expectativa de algum retorno. Enquanto isso, os autores enriqueciam a olhos vistos, como foi possível verificar em buscas e apreensões que recolheram veículos de luxo e outros itens de grande valor.

  Quando era presidente da República, Itamar Franco afastou o diretor dos Correios, Henrique Hargreaves, que tinha sido denunciado por ações ilícitas. Inocentado em todas as investigações, ele voltou ao posto. Nem todos os sucessores adotaram o gesto de Itamar. Talvez acuado, Lula sequer deu o benefício da dúvida ao presidente do INSS, exigindo sua demissão imediata. Mas e o ministro?

  Dirigente nacional do PDT, Carlos Lupi é um importante ativo político do Governo, que precisa manter maiorias no Congresso Nacional. Mantê-lo, porém, pode ter um custo elevado, sobretudo em um ano que antecede o pleito nacional. Qualquer vacilo vai para as redes sociais em forma de denúncia e de desgaste para o presidente. É preciso, pois, colocar o tema na balança. 

 

O post Posição de ministro Carlos Lupi é insustentável  apareceu primeiro em Tribuna de Minas.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.