Empresário turco-brasileiro é preso após autorização do STF

STF autor a prisão de Mustafa Goktepe. Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress

O empresário turco Mustafa Goktepe, naturalizado brasileiro, foi preso na manhã desta quarta-feira (30) pela Polícia Federal em cumprimento a pedido de extradição do governo turco. A prisão, de caráter cautelar, foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF) e agora aguarda análise do plenário da corte sobre o pedido de extradição.

Goktepe, que vive no Brasil há 20 anos e se naturalizou em 2012, é dono de uma rede de restaurantes turcos e coordena duas escolas. Casado com uma brasileira e pai de duas filhas nascidas no país (de 8 e 13 anos), ele é membro do movimento Hizmet, organização ligada ao clérigo muçulmano Fethullah Gülen, falecido em 2024 nos EUA.

O governo turco classifica o grupo como terrorista e o acusa de envolvimento na tentativa de golpe contra o presidente Recep Tayyip Erdogan em 2016.

“Além de ser brasileiro naturalizado, casado com uma brasileira, e de ter duas filhas brasileiras, Mustafa é uma liderança na defesa da tolerância política e religiosa e na defesa da democracia. O pedido do governo turco é mais um triste episódio de perseguição por opinião política”, afirmou Beto Vasconcelos, advogado de defesa de Goktepe.

Há 20 anos no Brasil, Goktepe se naturalizou em 2012. Foto: reprodução

“O movimento político do qual se alega que Mustafa faz parte é pacifista e político, reconhecido como legítimo por todos os países do mundo e pela ONU”, emendou.

Esta é a terceira tentativa da Turquia de extraditar membros do Hizmet no Brasil. Os dois pedidos anteriores, contra Ali Sipahi em 2019 e Yakup Sagar em 2022, foram negados pelo STF. Sipahi, sócio de Goktepe no ramo de restaurantes, chegou a ser preso preventivamente, mas teve a extradição recusada por unanimidade pela corte.

“Nós estamos tomando providências para um pedido de revogação da prisão com a confiança de que o STF, assim que tiver a conhecimento dos fatos pela defesa, o fará”, disse Vasconcelos.

O caso reacende o debate sobre a perseguição política a opositores do governo Erdogan, que atribui aos seguidores de Gülen a tentativa de golpe de 2016, que deixou 250 mortos e 2.000 feridos. Gülen, que viveu exilado nos EUA de 1999 até sua morte em 2024, sempre negou qualquer participação no episódio.

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