Juros futuros caem com emprego abaixo do esperado no Brasil e dados de China e EUA

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em baixa na esteira da divulgação de dados fracos das economias dos EUA e da China, que elevaram os receios de uma recessão global, e de números abaixo do esperado de empregos formais no Brasil.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,66%, ante o ajuste de 14,694% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 13,91%, em queda de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,96%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,8%, em baixa de 13 pontos-base ante 13,933% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,87%, ante 14,011%.

Em meio à guerra de tarifas desencadeada pelos Estados Unidos, a China informou na madrugada desta quarta-feira que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial caiu para 49,0 em abril, contra 50,5 em março, na leitura mais baixa desde dezembro de 2023. O resultado também ficou abaixo da expectativa de 49,8 de uma pesquisa da Reuters.

Uma pesquisa separada do setor privado, também divulgada nesta quarta-feira, mostrou queda acentuada nos novos pedidos de exportação e uma desaceleração geral da atividade industrial na China.

Pela manhã, foi a vez de os Estados Unidos informarem que foram abertos 62.000 postos de trabalho em abril no setor privado, após um ganho de 147.000 revisado para baixo em março. Economistas consultados pela Reuters previam a criação maior, de 115.000 vagas de emprego no setor privado.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA caiu a uma taxa anualizada de 0,3% nos três primeiros meses do ano. Economistas consultados pela Reuters previam que o PIB aumentaria em um ritmo de 0,3% no período.

A fraqueza dos números da China e dos EUA reforçou os receios de que a guerra tarifária poderá gerar recessão ou conter fortemente o crescimento ao redor do mundo.

Na curva de juros brasileira isso se traduziu em um viés de baixa para as taxas futuras, em meio à leitura de que uma recessão global pode ter efeito desinflacionário no Brasil, abrindo espaço para uma taxa Selic não tão elevada. Atualmente a Selic está em 14,25% ao ano.

O viés de baixa para as taxas foi reforçado, conforme operador ouvido pela Reuters, pelos números piores que o esperado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Pela manhã o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, já havia adiantado que a geração de vagas formais em março seria menor que o visto no mesmo mês de anos anteriores. Em dado separado, pela manhã, o IBGE divulgou uma taxa de desemprego de 7,0% no primeiro trimestre, em linha com as expectativas.

À tarde, o Ministério do Trabalho e Emprego informou a criação de 71.576 vagas formais de trabalho em março, bem abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 200.000 vagas. Segundo Marinho, o resultado se deve ao fato de neste ano o Carnaval ter ocorrido em março, reduzindo os dias úteis e as contratações no mês, e não em fevereiro.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a mínima de 13,86% (baixa de 10 pontos-base ante o ajuste anterior) às 9h17 — pouco depois da divulgação dos números de emprego no setor privado dos EUA e durante entrevista de Marinho no Brasil.

Houve certa recuperação posteriormente, mas as taxas voltaram a ceder com mais força após os números do Caged, à tarde.

O recuo dos juros futuros no Brasil ocorreu a despeito de, no mercado de câmbio, o dólar ter chegado a subir mais de 1% ante o real após oito sessões consecutivas de queda.

No exterior, os yields dos Treasuries tinham sinais mistos no fim da tarde. Às 16h46, o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha queda de 6 pontos-base, a 3,597%, enquanto o retorno do título de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 3 pontos-base, a 4,147%.

Na terça-feira — atualização mais recente — o mercado de opções de Copom da B3 precificava 66,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 63,60% na véspera), 29,25% de chances de alta de 25 pontos-base (ante 29,50%) e 2,50% de possibilidade de manutenção (4,75% na véspera).

Para o encontro seguinte, em junho, as opções precificam 56% de chances de manutenção da Selic, 33% de possibilidade de aumento de 25 pontos-base e 9,50% de chances de elevação de 50 pontos-base.

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