
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou uma renda mensal de R$ 56,8 mil ao Banco de Brasília (BRB) para conseguir um financiamento de R$ 3,1 milhões na compra de uma mansão avaliada em R$ 5,97 milhões, em área nobre de Brasília, em 2021. A maior parte dos rendimentos informados veio de uma franquia de chocolates da qual ele era sócio.
A informação consta em uma ação popular movida pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que questiona a legalidade do financiamento concedido ao senador, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. A parlamentar apontou possível favorecimento político e incompatibilidade entre a renda e o valor do imóvel.
Apesar da alegação posterior da defesa de que ele também atuava como advogado, nenhum valor relacionado à advocacia foi declarado ao banco. À época, Flávio possuía inscrição válida na OAB no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, mas não havia processos registrados em seu nome.
A renda de sua esposa, Fernanda Bolsonaro, foi estimada em R$ 8.650, segundo dados obtidos pelo Serasa. Juntos, o casal somava R$ 65,4 mil mensais — valor que, corrigido pela inflação, equivale a cerca de R$ 85 mil atualmente.

Mesmo tendo deixado a gestão da franquia de chocolates em fevereiro de 2021, dias após assinar o contrato de compra da mansão, Flávio afirmou ter usado os recursos da empresa como entrada no imóvel. O BRB defendeu que o contrato seguiu os mesmos critérios adotados para qualquer cliente e que não houve tratamento privilegiado.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) afirmou que não identificou irregularidades na operação, destacando que o contrato foi respaldado por documentação fiscal e contábil, e que o imóvel foi usado como garantia. O MP também frisou que o financiamento já foi totalmente quitado em 2024, com seis parcelas, algumas superiores a R$ 900 mil.
Os pagamentos ocorreram entre novembro de 2022 e março de 2024, com parcelas que variaram de R$ 198 mil a R$ 997 mil. O último pagamento, de R$ 520 mil, foi feito em março deste ano, encerrando a dívida.
Em 2018, Flávio declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,7 milhão, o equivalente hoje a R$ 2,4 milhões, valor inferior ao total do imóvel. Na época da compra, o senador afirmou que a renda como empresário possibilitou o negócio, sem mencionar atividade advocatícia.
A ação movida por Erika Kokay está pronta para julgamento na 1ª Vara Cível de Brasília. O processo também questiona a viabilidade de um contrato de financiamento com prazo de 30 anos, considerando que o mandato de Flávio no Senado termina em 2027.
Conheça as redes sociais do DCM:
Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line