
O velho ditado de Wall Street — “sell in May and go away” (venda em maio e vá embora, na tradução literal) — não é apenas folclore de mercado. Um relatório publicado pelo Bradesco BBI mostra que o fenômeno de desempenho mais fraco das bolsas nos meses de verão do Hemisfério Norte é real, consistente e global.
“Os retornos mensais médios entre maio e outubro são apenas um quinto dos registrados entre novembro e abril”, afirma o banco, citando dados de 27 índices globais desde 1950.
Segundo os analistas, esse comportamento se explica, em parte, pelo calendário corporativo das grandes economias, onde as projeções e os realinhamentos de portfólio costumam ocorrer no primeiro trimestre, enquanto o verão (no Hemisfério Norte) tende a ter menor liquidez e maior sensibilidade a choques e eventos, como o flash crash de agosto de 2023.
Tendência afeta Brasil e emergentes, mas com menor intensidade
Apesar de menos intensa, a sazonalidade também aparece nos mercados do Hemisfério Sul, incluindo Brasil, Chile e Austrália. “O desempenho do Ibovespa, por exemplo, é em média de 2,2% entre novembro e abril, contra apenas 0,3% entre maio e outubro”, destaca o relatório.
O Bradesco BBI chama atenção para o fato de que 80% dos ativos sob gestão global (AUM) estão concentrados no Hemisfério Norte. Isso significa que os investidores estrangeiros — que seguem o calendário sazonal de seus países — se tornaram o “comprador marginal” nos mercados emergentes, como o Brasil, impactando o fluxo de capital e o comportamento das bolsas.
Com a globalização dos mercados, a participação do capital estrangeiro aumentou significativamente desde os anos 1980, muitas vezes superando os investidores institucionais locais. “Isso amplia o impacto da sazonalidade, mesmo em mercados que não seguem o calendário do Hemisfério Norte”, explica o banco.

Bradesco BBI está otimista com América Latina, mas mais cauteloso com o Brasil
Apesar da sazonalidade, o Bradesco BBI acredita que os fundamentos econômicos da América Latina devem prevalecer. O banco está otimista com a região, destacando Argentina e México como principais apostas.
A Argentina é vista como um mercado em transformação, beneficiado por reformas e possível inclusão no índice MSCI. Já o México tem empresas com forte poder de precificação e riscos já precificados pelo mercado.
No caso do Brasil, o tom é mais comedido. A equipe do BBI avalia que o país está em processo de “redução de risco” com perspectiva de corte de juros no segundo semestre de 2025 e foco crescente em mercados de capitais, empresas estatais e setores com sensibilidade à taxa Selic.
“Ainda estamos neutros em relação ao Brasil, mas começamos a ver pontos de inflexão que podem atrair mais atenção do investidor”, diz o relatório.

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Setores como ‘utilidades cíclicas’ e empresas com forte atuação nos mercados de capitais ganham destaque como possíveis beneficiários desse cenário.
O relatório do Bradesco BBI reforça que a sazonalidade é uma característica relevante dos mercados globais — e que investidores atentos devem considerá-la em suas estratégias.
No entanto, o banco acredita que o cenário macroeconômico da América Latina, especialmente em países com valuations atrativos e reformas em andamento, tende a se sobrepor aos efeitos de curto prazo.
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