Novo presidente do INSS deverá reestruturar autarquia após fraude em aposentadorias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu automonia ao novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, para promover uma reestruturação ampla na autarquia. A nomeação foi oficializada nesta quarta-feira (30), após a demissão de Alessandro Stefanutto, afastado por determinação judicial e exonerado após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões.

A expectativa do governo é que ele conduza um pente-fino no funcionamento do órgão e ajude a recuperar a credibilidade do INSS, que há décadas é apontado como vulnerável a irregularidades estruturais.

Uma das primeiras tarefas do novo presidente será organizar o processo de ressarcimento aos aposentados e pensionistas que tiveram valores descontados de forma indevida. O governo quer que essa devolução seja feita nos próximos meses, embora ainda não tenha estabelecido um prazo oficial.

Para isso, Waller terá sua primeira reunião estratégica já nesta sexta-feira (3), com representantes da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria-Geral da União (CGU), onde será traçado o plano de ação para viabilizar o pagamento das restituições.

Além disso, Waller terá a responsabilidade de revisar a estrutura interna do INSS e poderá substituir diretores e chefias, conforme identifique fragilidades ou conivência com os esquemas investigados. O governo considera essa reestruturação um passo essencial para virar a página da crise que abalou a imagem do órgão e atingiu o núcleo político do Executivo.

Outro desafio que Waller herda é o de zerar a fila de pedidos de benefícios previdenciários. Trata-se de uma meta perseguida, sem sucesso, por diversas gestões anteriores, mas que segue sendo uma cobrança prioritária da sociedade e do próprio Planalto. A intenção do governo é que, com mais controle e eficiência administrativa, essa fila possa ser significativamente reduzida ao longo do ano.

Embora Waller tenha recebido autonomia para conduzir a reforma, o Planalto pretende acompanhar de perto sua gestão. O monitoramento será feito principalmente por áreas ligadas à fiscalização e ao combate à corrupção, como a CGU, o TCU e o Ministério da Previdência. O primeiro passo da nova gestão será identificar com precisão os segurados lesados e cobrar das entidades responsáveis pelos descontos provas formais de que houve autorização por parte dos beneficiários.

A crise no INSS se tornou um dos focos mais sensíveis do governo neste início de ano, especialmente após a operação da PF revelar que os descontos indevidos podem ter movimentado até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A oposição já colheu assinaturas suficientes para instalar uma CPI na Câmara, aumentando a pressão política sobre o Planalto. Nesse contexto, o desempenho de Gilberto Waller à frente do INSS será decisivo não apenas para a governança da autarquia, mas também para a narrativa do governo sobre responsabilidade e resposta a fraudes no sistema previdenciário.

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