
Por Leonardo Sakamoto, no UOL
O número de brasileiros que acredita que as mudanças climáticas não são um risco subiu de 5%, em junho de 2024, para 9%, em abril de 2025, segundo o Datafolha — a margem de erro é de dois pontos. Com isso, essa parcela esperta da população ultrapassou numericamente outra, que defende que o planeta Terra tem o formato de uma pizza, de uma panqueca, de um frisbee. Em abril do ano passado, o Datafolha apontou que os terraplanistas perfaziam 8%.
O fato de 53% afirmarem que as mudanças climáticas são um risco imediato não alivia o extremo incômodo de o país ver o crescimento daqueles que vivem apartados da realidade. Pois uma coisa é acreditar em fantasias individuais que fazem mal a si mesmo, outra é fazer parte de um grupo que duvida do impacto das ações humanas para o futuro do planeta.
E, se duvida, continua apoiando a emissão de gases de efeito estufa de forma incontrolada e irresponsável, em um momento em que vemos o Acordo de Paris para controlar o aumento da temperatura do planeta fazer água.
Os defensores da Terra plana fazem mal, na maioria das vezes, apenas a si e a seus filhos. São eles que vão desmarcar viagens para a Austrália, com medo de cair no grande abismo, ou vão passar vergonha com amigos e colegas de trabalho quando tentarem explicar sua crença. Tudo bem que quem acredita nisso crê em qualquer bobagem, do tipo “vacinas para covid-19 são uma enganação”. Mas, ainda assim, essa pauta não leva ao Armagedom.
Já os defensores de que as mudanças climáticas não são um risco condenam todos a uma vida de caos.
O Brasil teve, nos últimos anos, um vislumbre do que será o seu futuro com inundações no Rio Grande do Sul, secas na Amazônia, incêndios descontrolados no Pantanal, o dia virando noite com a fuligem cobrindo o céu de São Paulo e um calor infernal tomando conta da maior parte do país, reduzindo a produção agrícola e jogando a inflação de alimentos lá em cima.

Não estou dizendo que quem não vê risco nas mudanças climáticas acredita na Terra plana, mas ambos os grupos são negacionistas. E o negacionismo, como uma doença, viraliza e contamina.
Vale a pena mantermos a insistência em levar números e dados para essa parcela que vive em realidade paralela, e discutir com eles a importância de se guiar por fatos, a fim de que não se reproduzam socialmente.
Não devemos subestimar a ignorância. Ressalte-se que também são 8% os que acreditam que um regime ditatorial é aceitável no Brasil, segundo o Datafolha de dezembro. Eram 5% em 2022.
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