
A operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) que desbaratou um esquema bilionário de fraudes no INSS provocou uma verdadeira devassa na estrutura da Previdência Social.
Ao todo, cinco servidores públicos de alto escalão foram afastados, e o presidente do Instituto, Alessandro Stefanutto, acabou demitido. A crise culminou, ainda, na queda do ministro Carlos Lupi (PDT), oficializada nesta sexta-feira (2) após pressão do Palácio do Planalto.
Segundo as investigações, associações fraudavam mensalidades descontadas diretamente da folha de aposentados e pensionistas, sem autorização formal. O esquema teria funcionado entre 2019 e 2024, gerando um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões.
Veja os demitidos e afastados:
Alessandro Stefanutto – presidente do INSS
Stefanutto foi afastado por decisão da Justiça e, posteriormente, demitido após a deflagração da operação. A investigação aponta que ele teria atuado diretamente para liberar descontos solicitados por entidades investigadas. A participação ativa no esquema foi detectada ainda em 2023, quando autorizou desbloqueios solicitados pela Contag, apesar de alertas internos.
Stefanutto foi o segundo presidente do INSS afastado no governo Lula por suspeitas de irregularidades. Antes dele, Glauco Wamburg foi exonerado em 2023 após denúncias de uso indevido de passagens e diárias — ambos foram indicações de Carlos Lupi.
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho – procurador-geral do INSS
Acusado de atuar para evitar o bloqueio dos descontos irregulares, Virgílio também é investigado por possível enriquecimento ilícito. Segundo a PF, o patrimônio dele cresceu R$ 18,3 milhões em seis meses, com compras de imóveis ligadas a repasses feitos à sua companheira por empresários investigados, como o “Careca do INSS”.
Vanderlei Barbosa dos Santos – diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão
Envolvido nas decisões que facilitaram os descontos indevidos, Barbosa ocupava um cargo estratégico no atendimento ao cidadão e na operação dos pagamentos de benefícios.
Jucimar Fonseca da Silva – coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios
Teve participação na autorização dos descontos fraudulentos. Seu nome foi retirado das páginas oficiais do INSS após a operação.
Geovani Batista Fassarella Spiecker – coordenador de Suporte ao Atendimento
Acusado de enviar arquivos irregulares à Dataprev com nomes de supostos beneficiários, Spiecker atuou para restabelecer os descontos a pedido de entidades sindicais, mesmo após alertas. Ele também teria tratado com a Dataprev sobre uma “solução transitória” para retomar os repasses já em junho de 2024.
Philipe Roters Coutinho – policial federal
Lotado no Aeroporto de Congonhas (SP), Coutinho é investigado por dar carona ilegal em área restrita do aeroporto ao procurador Virgílio e ao empresário Danilo Trento, ambos alvos da operação. Durante os mandados, o agente foi flagrado com US$ 200 mil em espécie, levantando suspeitas sobre sua ligação com o grupo.
A Polícia Federal segue apurando a extensão da rede de beneficiários do esquema e o envolvimento de servidores, entidades e empresas. A queda em dominó na estrutura do INSS gerou uma reestruturação determinada pelo presidente Lula, que já nomeou Wolney Queiroz como novo titular da Previdência Social.
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