“Efeito Trump”: centro-esquerda derrota conservadores e reelege-se na Austrália

Albanese foi eleito por influencia de sentimento anti-Trump nos australianos. Foto: Reprodução/ Fotomontagem

Neste sábado (3), o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese foi reeleito. Com isso, as projeções de que o Partido Trabalhista do candidato eleito conquistaria a maioria das cadeiras na Câmara dos Representantes, estão prestes a se confirmar. Com 68% dos votos apurados, a Comissão Eleitoral Australiana estima que os trabalhistas alcançarão 81 das 150 cadeiras, superando a coalizão conservadora formada pelos partidos Liberal e Nacional.

A vitória de Albanese reflete uma tendência global de rejeição à influência do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O sentimento anti-Trump teve papel central na decisão dos eleitores australianos, especialmente após os impactos econômicos negativos das tarifas impostas por Washington ao país aliado.

As sanções de Trump — 25% sobre aço e alumínio e 10% sobre outros produtos — afetaram significativamente a economia australiana e reforçaram o apoio a Albanese, visto como um líder equilibrado e distante da retórica agressiva de seu oponente conservador, Peter Dutton. Segundo o colunista político Sean Kelly, do “Sydney Morning Herald”, a figura de Trump teve enorme peso na eleição australiana. “A chatice de Albanese se tornou uma mercadoria atraente”, afirmou.

Dutton, ex-policial conhecido por seu discurso linha-dura, admitiu a derrota e afirmou ter telefonado para parabenizar Albanese. Ele também perdeu sua cadeira parlamentar, que ocupava há duas décadas, e prometeu liderar a reconstrução do bloco conservador. Durante a campanha, foi criticado por suas posições ideológicas alinhadas a Trump, inclusive por ter elogiado o ex-presidente americano como “grande pensador”.

Essa reeleição de um líder de centro-esquerda australiano reforça o padrão observado em outros países, como o Canadá, onde os conservadores perderam força após a ascensão de Trump. Michael Fullilove, diretor do think tank Lowy Institute, afirma que a impopularidade global de Trump tem beneficiado partidos progressistas e redefinido os rumos da política internacional.

Apesar da vitória, Albanese enfrentará o desafio de equilibrar os laços com os Estados Unidos e a China. A Austrália é aliada militar de Washington, com quem firmou um acordo para adquirir submarinos nucleares, mas tem na China seu principal parceiro comercial. O novo governo terá que administrar esse triângulo geopolítico delicado sem prejudicar a estabilidade econômica e a segurança regional.

A agenda doméstica de Albanese enfrenta desafios, como crise de moradia e custo de vida. Foto: Reprodução/ TikTok

Durante a campanha, temas internacionais foram evitados, mas analistas concordam que o maior desafio do governo será lidar com a prolongada guerra comercial entre EUA e China. Internamente, Albanese também precisa avançar com sua agenda progressista, que enfrenta críticas devido à crise de custo de vida e moradia. Apesar disso, seu estilo discreto e conciliador parece ter conquistado os eleitores, cansados de lideranças teatrais e conflituosas.

A eleição marca ainda uma recuperação notável para Albanese, que estava atrás nas pesquisas após a derrota do referendo de 2023 sobre a criação de um órgão consultivo indígena. O resultado demonstra que seu perfil moderado pode ter sido, na verdade, seu maior trunfo entre polos extremos da geopolítica mundial

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