Mídia amplificou fake news de Eduardo Bolsonaro sobre visita de “enviado dos EUA” contra Moraes

O que seria das fake news não fosse a mídia brasileira?

A especulação irresponsável de uma possível “sanção” americana ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ganhou força nos últimos dias.

A patacoada foi alimentada por uma matéria do portal Metrópoles e amplificada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um vídeo picareta de seu filho Eduardo foi levado a sério. Toda a mídia brasileira repercutiu a cascata baseada no que relatou o fugitivo.

De acordo com o que ele inventou em vídeo no X, uma comitiva dos Estados Unidos, liderada por David Gamble, coordenador de sanções do Departamento de Estado, estaria chegando ao Brasil para discutir sanções contra Moraes.

A matéria do Metrópoles, datada de 2 de maio de 2025, afirmava que Gamble, ao lado de outros representantes do governo de Donald Trump, estaria planejando a proibição de entrada de Moraes nos EUA e até congelamento de ativos.

Reportagens vagabundas, preguiçosas, tomando pelo valor de face o que diz um golpista manjado. Vários fizeram um perfil do tal David Gamble.

Ninguém — ninguém — procurou entrar em contato com o sujeito ou com o governo dos EUA.

Foi preciso que Jamil Chade fizesse no UOL o que se espera de um jornalista: checou e descobiriu com os americanos que a visita do enviado dos EUA é parte de um projeto de cooperação contra o crime organizado.

A viagem já estava sendo organizada pelo próprio governo brasileiro como parte de um esforço entre Brasil e EUA, escreveu Jamil. Algo que “vem sendo construído há meses”.

Mais uma vez, a mídia mostra como surge uma fake news: a partir dela mesma, em conluio com a extrema-direita.

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