Rumo ao desconhecido: A coragem de Isabela Dourado, DJ que deixou o Brasil para viver em Malta

Tomar decisões na vida, especialmente aquelas que envolvem mudanças significativas, pode ser um desafio assustador para muitos de nós.

Como artistas, frequentemente nos encontramos diante de encruzilhadas, debatendo entre o conforto da familiaridade e a incerteza do desconhecido. A hesitação pode nos paralisar, impedindo-nos de alcançar nosso verdadeiro potencial.

Muitas vezes, ficamos presos em um ciclo de pensamento excessivo, ponderando sobre todas as possibilidades, enquanto poucas ações concretas são tomadas. No entanto, é quando encontramos a coragem de dar o primeiro passo em direção ao desconhecido que abrimos as portas para oportunidades incríveis e transformadoras.

A história de Isabela Dourado, conhecida como DJ Goue, é um testemunho vivo desse processo de coragem e decisão. Uma talentosa profissional brasileira que decidiu seguir seu sonho além das fronteiras do país.

Com uma carreira de três anos no Brasil, Isabela recebeu um convite tentador para se mudar para Malta, onde encontrou uma nova casa nos clubes locais, explorando oportunidades semelhantes às de destinos mundialmente conhecidos como Jurerê Internacional e Ibiza.

Isabela, ao receber o convite para se mudar para Malta, você teve alguma hesitação em deixar o Brasil para trás e seguir essa oportunidade no exterior?

Isabela Dourado: Por incrível que pareça, não tive nenhuma hesitação. Quando recebi a proposta, tive 100% de certeza de que aquela oportunidade estava acontecendo no momento certo. Foi em uma terça-feira de manhã. Estava na sala com a minha irmã vendo algo na TV quando recebi uma mensagem no WhatsApp da Lorena, uma amiga que eu já acompanhava o trabalho anteriormente porque temos o mesmo seguimento.

Ela havia passado um tempo fora e me perguntou se queria ir para Malta. Passou algumas informações básicas e, assim que conversamos, já levantei do sofá e fui arrumar as malas. Foi o tempo de tomar algumas vacinas, organizar as coisas, comprar alguns euros e, em 3 dias, eu estava embarcando na maior experiência que tinha tido até então na vida e na música. Eu acredito que se a oportunidade aparece é porque você está preparado e que, se você não estiver, vai ter a chance de ficar durante a caminhada.

A princípio, eu morava com meus pais e minha irmã, então preferi que apenas eles soubessem. Por ser algo muito delicado e pela adrenalina do momento, eu sabia que minha família saberia lidar com tudo e que eles me apoiariam, assim como sempre fizeram.

E foi exatamente o que aconteceu. Meus pais ficaram muito felizes com a notícia e, ao mesmo tempo, inseguros por não conhecerem o país (eu também nunca tinha ouvido falar de Malta). Então, até meu embarque, eles fizeram várias pesquisas sobre o país, assistiram vídeos no YouTube, fofos. Enfim, acredito que ter tido coragem e o apoio da minha família colaborou muito para que eu me sentisse confiante nessa etapa..

Como foi sua adaptação ao cenário musical de Malta e quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao estabelecer sua carreira lá?

Isabela Dourado: Em Malta, sou residente em uma rede de beach clubs e bares. Então, o primeiro desafio foi entender o feeling e o conceito de cada lugar sem deixar de lado minha identidade. Com isso, os primeiros meses foram dedicados à pesquisa dentro da música eletrônica em vertentes diferentes das que eu já estava habituada.

Minha preocupação era entregar um bom set que atendesse à demanda do local e mostrasse para a galera músicas boas, novas e clássicas atemporais que eu já tocava no Brasil. Esse foi um fato que me fez criar o hábito de fazer pesquisas. Ter que entregar sets com frequência, de longa duração em locais diferentes, me mostrou a importância de manter uma biblioteca organizada e atualizada.

Ser uma DJ nova em um país estrangeiro também é um grande desafio. Acredito que fazer network com profissionais da área e estar presente em eventos que te enriquecem faz toda a diferença. Essa proximidade com pessoas que estejam no mesmo objetivo, sem conhecer tanto a cena local, acaba sendo um pouco mais difícil nessa fase. Alguns te abraçam e te incentivam, mas outros nem tanto. Saber separar e filtrar o que agrega e o que é irrelevante também é muito importante para não perder o foco.

Malta, como muitos dizem, é uma segunda mãe. A cena eletrônica, principalmente no verão, reúne vários festivais incríveis, como Defected, por exemplo. Morar em um país turístico e fazer o que amo pode ser desafiador de várias formas, mas ao mesmo tempo é muito gratificante. Então, quando surgem adversidades, eu trabalho em mim o que posso mudar e melhorar para me sentir mais confiante e profissional.

Considerando toda a sua jornada de crescimento, muitos artistas brasileiros certamente se perguntam sobre a possibilidade de retornar ao Brasil para expandir ainda mais suas carreiras. Você acredita que voltar ao Brasil neste momento poderia ser benéfico, especialmente após sua experiência enriquecedora em Malta? Como você vê a combinação entre sua carreira internacional e as oportunidades que o cenário musical brasileiro pode oferecer?

Isabela Dourado: Quando recebi a oportunidade de vir para Malta, estava em um momento na vida e na carreira de me afastar para entender. Então, eu me sentia um pouco limitada. Tocava em eventos legais na região, mas ainda assim não era tudo o que eu queria. Eu queria unir meu propósito de vida com a música. Em Malta, tive experiências muito legais.

Depois de um set, por exemplo, alguém chegava em mim ou mesmo me mandava uma mensagem, dizendo que estava precisando daquele momento. O tocar a vida de pessoas diferentes em realidades diferentes através da música me fez ver que o DJ não faz o papel apenas de tocar, mas sim de transformar. Desde um simples momento até uma vida toda, isso é recompensador.

Acredito que a cena no Brasil tem potencial altíssimo que só cresce, e que sim, eu voltaria com mais bagagem, técnica e experiência. Me vejo em breve levando muita coisa legal que tenho vivido aqui na Europa, além de produções minhas, é claro. Estou sempre me atualizando e me capacitando para as chances da vida, agora com mais pés no chão, mas nunca deixando de sonhar grande.

A jornada de Isabela Dourado nos lembra da importância de enfrentar nossos medos e seguir adiante, mesmo quando o caminho à frente parece incerto. Sua coragem em buscar novos horizontes é um lembrete poderoso de que as maiores recompensas muitas vezes estão além da zona de conforto.

Como forma de inspiração e orientação para aqueles que desejam seguir seus passos, aqui estão algumas dicas rápidas:

  • Pesquise e conecte-se: Antes de tomar uma decisão, pesquise sobre o destino desejado. Conecte-se com outros artistas locais, explore a cena musical e compreenda os desafios e oportunidades que o novo ambiente oferece.
  • Mantenha-se aberto e adaptável: Esteja preparado para se adaptar a novas culturas, estilos de vida e desafios profissionais. Flexibilidade e mente aberta são essenciais para uma transição suave e bem-sucedida.
  • Networking e promoção pessoal: Construa uma rede sólida de contatos locais e promova seu trabalho de forma consistente e profissional. Esteja presente em eventos, clubes e plataformas online para aumentar sua visibilidade e oportunidades de colaboração.

Esperamos que esse bate-papo tenha lhe inspirado de alguma forma! Que possamos todos nos inspirar na jornada de Isabela e buscar nossos próprios sonhos com determinação e bravura. Você tem uma história parecida? Conta pra gente lá no Instagram!


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