Petrobras corta R$ 50 bi em dividendos e Brasil despenca em ranking de “rentistas”

Vista externa do prédio da sede da Petrobras no centro do Rio de Janeiro em 15 de outubro de 2021 no Rio de Janeiro, Brasil.

De segunda maior pagadora de dividendos do mundo em 2022, a Petrobras (PETR3, PETR4) diminuiu sua distribuição em 2023 e deixou de vez a lista de maiores pagadoras globais, conforme o Índice Internacional de Dividendos da gestora Janus Henderson, divulgado nesta quarta-feira (13). A petroleira já havia ficado na 23ª posição do ranking após maior redução de proventos do mundo no segundo trimestre.

Segundo o levantamento, o corte do ano passado foi da ordem de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões), o que não apenas manteve a Petrobras de fora do ranking, como também ajudou o Brasil a ficar no fim da fila dos países melhores pagadores, após queda de 40% nas distribuições no ano passado.

“O impacto dos cortes das grandes empresas fez com que o Brasil fosse o país mais fraco no nosso índice global em 2023, com pagamentos reduzidos em dois quintos numa base global”, diz o relatório. 

Além de Petrobras, Vale (VALE3) reduziu os seus pagamentos aos acionistas, em cerca de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões), e Ambev (ABEV3) fez um “pequeno corte”, disse a gestora.  

Para a Janus Henderson, o saldo negativo das três companhias “mascarou” o forte crescimento no pagamento dos bancos, sem detalhar o volume distribuído pelas instituições financeiras. Em 2023, as empresas brasileiras pagaram US$ 20,7 bilhões (cerca de R$ 103 bilhões) em dividendos, um recuo de 40,5% em relação aos US$ 34,8 bilhões do ano anterior.  

Impacto Global  

Segundo a análise da Janus Henderson, a diminuição dos pagamentos da Petrobras afetou também o volume global. “Grandes cortes de apenas cinco empresas reduziram a taxa de crescimento subjacente global em dois pontos percentuais.” As cinco empresas foram: BHP, Petrobras, Rio Tinto, Intel e AT&T.  

Entretanto, o movimento global foi outro: 86% das empresas mundiais aumentaram os dividendos ou mantiveram-nos estáveis. Em 2023, os acionistas globais foram remunerados em US$ 1,66 trilhão, volume 5% maior do que o registrado em 2022.  

Para 2024, a expectativa é por um crescimento menor, de 4%, para US$ 1,72 trilhão, mas o sentimento geral é otimista. Os pagamentos do quarto trimestre de 2023 foram maiores do que os dos períodos anteriores.  

“O ritmo acelerado de crescimento dos dividendos nos EUA no quarto trimestre é um bom prenúncio para todo o ano. As empresas japonesas iniciaram um processo de devolução de capital aos acionistas, parece provável que a Ásia aumente seus pagamentos, e os dividendos na Europa estão bem apoiados”, diz Ben Lofthouse, chefe de global equity income da Janus Henderson.  

Quando à Petrobras e ao Brasil, as perspectivas não são tão positivas. Na última semana, a petroleira anunciou que não fará pagamentos extraordinários junto aos pagamentos obrigatórios do quarto trimestre de 2023.  

A mudança no estatuto no ano passado, com diminuição no percentual de distribuição do fluxo de caixa livre de 60% para 45%, é uma indicação de que a remuneração aos acionistas pela empresa deverá diminuir nos trimestres futuros.

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