RS deve enfrentar onda de violência e confrontos de facções após enchentes

Agentes da Polícia Militar e grupos táticos durante as enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Reprodução

O Rio Grande do Sul, além de uma tragédia humanitária, pode viver uma crise de segurança pública com uma piora na criminalidade. Desde o início das enchentes no estado, o número de crimes como saques a casas abandonadas, furto de comida doada às vítimas e casos de violência dentro de abrigos tem aumentado.

Nas últimas semanas, forças de segurança prenderam 130 pessoas, sendo 49 delas por crimes patrimoniais, como roubos e furtos em áreas afetadas pelas cheias, e outras 49 por contravenções em abrigos. A avaliação de especialistas em segurança pública é que a violência deve se agravar a longo prazo.

A criminalidade deve aumentar devido ao deslocamento de milhares de pessoas desabrigadas, aos prejuízos econômicos, ao aumento do desemprego e a interrupção das aulas em escolas, segundo especialistas. Outro agravante é o prejuízo financeiro de facções criminosas que também foram deslocadas pelas chuvas e devem buscar recuperar as perdas com novos crimes e entrar em conflito com grupos rivais por território.

Autoridades estaduais já identificaram que alguns saques de residências abandonadas foram coordenados pela principal facção criminosa do estado, chamada de “Os Manos”. O grupo disputa território com outras organizações criminosas menores no estado, que atuam no interior, o que agravou os índices de violência na região.

“Há uma possibilidade de que essas facções se reestruturem, tanto em termos de modalidades criminais quanto em termos de disputa de território. Podem se reabrir disputas em áreas que estavam relativamente acomodadas e, como sabemos, isso geralmente é acompanhado pelo aumento das taxas de homicídio”, afirmou Rodrigo Azevedo, professor da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, à Folha de S.Paulo.

Itens roubados pelos “oportunistas de enchentes” e recuperados por policiais em Eldorado do Sul (RS). Foto: Divulgação

Ele acredita que as “cidades temporárias” anunciadas para os desabrigados podem criar novos bairros periféricos, sem acesso a transporte público e serviços básicos, e distantes de locais que concentram empregos. Azevedo aponta que a presença de forças de segurança nesses locais é raro e pode aumentar a taxa de crimes como violência doméstica e abuso sexual contra grupos mais vulneráveis.

O secretário de Segurança Pública do estado, Sandro Caron, afirmou que a pasta já mapeou esses riscos e que o governo prepara um plano adequado junto de outras secretarias para planejar o combate ao crime após a crise. Policiais da reserva foram convocados para reforçar o patrulhamento e os agentes da ativa tiveram folgas e férias canceladas.

Caron ainda afirma que a pasta tem promovido ações preventivas contra facções criminosas, como implementar bases operacionais em regiões com a presença de grupos do crime organizado. “À medida que essas áreas forem reconstruídas, teremos uma presença ainda mais forte do Estado”, diz o secretário.

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