Linha do tempo: como a trama golpista foi desenvolvida por Bolsonaro e aliados

O ex-presidente Jair Bolsonaro e os ex-comandantes das Forças Armadas. Foto: Isac Nóbrega/PR

Após meses de discussões, idas e vindas, e pressões durante o segundo semestre de 2022, os depoimentos dos envolvidos nas conversas sobre um possível golpe de Estado para manter o Jair Bolsonaro (PL) no poder trouxeram à tona uma série de informações. Desde uma reunião ministerial em 5 de julho até a os ataques golpistas em 8 de janeiro de 2023, passando pela partida de Bolsonaro para os Estados Unidos em 30 de dezembro, a investigação revelou uma trama que colocou o Brasil à beira de uma ruptura institucional.

5 de julho de 2022

Na reunião, Bolsonaro instigou seus ministros a atacarem o Tribunal Superior Eleitoral e questionarem a credibilidade das urnas. Enquanto alguns depoentes como o ministro da Justiça, Anderson Torres, interpretaram as falas como um chamamento para contribuir com as eleições, outros como o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmaram não terem sido informados sobre o tema e não ter conhecimento de fraudes nas eleições de 2022.

10 de agosto de 2022

O hacker Walter Delgatti Neto afirmou ter tido um encontro com Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli (PL-SP). Bolsonaro se manteve em silêncio sobre o assunto.

30 de outubro de 2022

Lula venceu Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022 com 50,9% dos votos. Rompendo uma das tradições democráticas, o ex-presidente não foi a público parabenizar o vencedor e aceitar a derrota.

1° de novembro de 2022

Bolsonaro desenvolveu um quadro de depressão, segundo relatos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e do ministro da Justiça, Anderson Torres. Em uma reunião, Bolsonaro teria questionado o então Advogado-Geral da União, Bruno Bianco, sobre possíveis atos contra o resultado eleitoral, mas Bianco afirmou que as eleições foram legais.

4 de novembro de 2022

Uma live apresentada pelo o argentino Fernando Cerimedo expôs supostas fraudes nas urnas. O assessor da Presidência, Tércio Arnaud Tomaz, encaminhou o conteúdo ao ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

6 de novembro de 2022

Com participação de Mauro Cid, membros do clã bolsonarista desenvolveram a minuta que, se fosse assinada por Bolsonaro, poderia resultar no golpe de Estado.

7 de novembro de 2022

Valdemar afirmou em depoimento que uma semana após as eleições ele visitou o ex-presidente com a intenção de reanimá-lo, pois ele “estava muito abatido”.

8 de novembro de 2022

Mauro Cid enviou um áudio para o então comandante do Exército, Freire Gomes, relatando que Bolsonaro estava recebendo visitas pessoais “no sentido de propor uma ruptura institucional” e “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”.

9 de novembro de 2022

Integrantes das Forças Armadas divulgaram o relatório sobre o trabalho da comissão criada para fiscalizar a confiança nas urnas eletrônicas. O documento afirma que não foi possível constatar fraude.

10 de novembro de 2022

Comunicado do Ministério afirmou que, “com a finalidade de evitar distorções do conteúdo do relatório enviado”, diz que, embora o relatório não tenha apontado fraude, ele também não excluiu sua possibilidade.

11 de novembro de 2022

Uma nota assinada pelos três comandantes da Força reafirma o “compromisso irrestrito e inabalável com o Povo Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil”.

12 de novembro de 2022

Nesta data os bolsonaristas “iniciaram-se tratativas para realização de reuniões, que efetivamente ocorreram, com a presença de integrantes civis do governo e integrantes das Forças Armadas, para a finalidade de planejar e executar ações voltadas a direcionar e financiar as manifestações que pregavam um golpe Militar”, segundo a PF.

14 de novembro de 2022

A partir deste dia, com a apresentação do estudo do Instituto Voto Legal, Bolsonaro convocou novamente os três comandantes das Forças. Segundo o almirante, Bolsonaro aparentou ter esperança em reverter o resultado das eleições. Nessas reuniões, ainda segundo Baptista Junior, o então presidente apresentava a hipótese de utilização da Garantia da Lei e da Ordem ou da decretação do Estado de Defesa para solucionar uma “possível crise institucional”.

16 de novembro de 2022

Em novo áudio enviado ao general Freire Gomes, Mauro Cid afirma que empresários do agro” estariam financiando as manifestações em Brasília.

18 de novembro de 2022

A sede da campanha de Bolsonaro em Brasília recebeu manifestantes que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército. Walter Braga Netto, que despachava na sede da campanha, ficou em silêncio no seu depoimento.

28 de novembro de 2022

Mauro Cid organizou uma reunião entre oficiais das Forças Especiais em um prédio na Asa Norte, em Brasília. Segundo a PF, a decisão da unidade seria “fundamental, pois seria a unidade militar que tem, sob sua administração, o maior contingente de tropas do Exército”.

No mesmo dia, Correa Neto envia a Mauro Cid um documento intitulado “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”.

29 de Novembro de 2022

Os “oficiais superiores da ativa” teriam assinado um documento que começou a circular entre os integrantes do Exército. No documento, os militares cobravam uma ação do comandante do Exército, Freire Gomes. Todos os oficiais presentes na reunião na Asa Norte no dia anterior negaram que tenham elaborado o documento.

7 de dezembro de 2022

Bolsonaro apresentou uma minuta para decretação de Estado de Defesa. O ex-comandante do Exército, Freire Gomes, se opôs à medida.

30 de dezembro de 2022

Com o fracasso do plano golpista, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos em um avião da Força Aérea Brasileira.

1° de janeiro de 2023 

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizou a cerimônia de posse no Palácio do Planalto. Sem a presença de seu antecessor, como seguia a tradição, o petista elegeu representantes do povo para passar a faixa presidencial.

8 de janeiro de 2023

Com o chamado “Festa da Selma”, milhares de bolsonaristas viajaram à Brasília para invadirem a sede dos Três Poderes. A intenção seria que Lula decretasse Estado de Sítio passando a administração do Estado para o Exército que, por sua vez, assumiria de vez o poder por meio de um golpe.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe do nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Adicionar aos favoritos o Link permanente.