O primeiro passo é não se calar: assim é possível combater a violência de gênero

Não são apenas golpes, são palavras. São essas ‘pequenas’ ações, os sinais de alerta e indicadores de violência, o Instituto Politécnico Nacional, através do ‘Violentômetro’ dividido em três escalas, indica que começa com uma piada ofensiva e termina no ponto mais terrível, o feminicídio.

Saber reconhecer esses sinais é um passo para sair do abuso, para isso a informação e capacitação são cruciais. A violência de gênero não faz distinção entre classes sociais, muito menos fronteiras. Uma verdadeira história de amor não machuca, não insulta, não dói e não fere.

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Conversamos com a Head de Responsabilidade Social da Avon, Ingrid Espinosa, que detalhou o último estudo realizado pela marca, no qual 2735 mulheres foram entrevistadas em países da América Latina para conhecer seus testemunhos.

“O que buscamos com isso é informar, capacitar e, acima de tudo, chegar ao ponto de dizer a uma mulher que está passando por uma situação de violência que há uma saída”, comentou Ingrid Espinosa sobre o trabalho da Avon em apoiar as mulheres nesse processo.

A dificuldade está em retirar a mulher que vive essa situação do ‘ciclo de violência’ que vive, dessa forma: elaboração da tensão, explosão da violência ou agressão e posteriormente a ‘lua de mel’ que é quando a mulher perdoa essas condutas com frases de seu parceiro como:

“Desculpe-me, está tudo bem… e vou continuar fazendo.”

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Desta forma, eles analisam e se concentram na ‘Rota Crítica’, que é todo o processo que leva uma mulher a tomar a decisão de sair de um ambiente de violência até que finalmente possa denunciar, já que apenas 11% das mulheres que passaram por essa situação pediram ajuda. Quais fatores influenciam para que poucas delas se atrevam a fazê-lo?

“A vergonha é a barreira mais mencionada por 43% das entrevistadas”, mencionou.

Ingrid Espinosa reiterou a importância de levantar a voz, por mais clichê que possa parecer, é extremamente importante, pois representa uma forma para uma mulher reconhecer que está vivendo uma situação que a incomoda e interrompê-la naquele momento.

“Não gosto disso e é isso que você tem que chamar de violência.”

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Tipos de violência

Como mencionado anteriormente, não são apenas golpes, é um iceberg que vai desde a violência física, sexual, psicológica e simbólica até a digital, que já resultou na Lei Olimpia, que sanciona ações que violem a intimidade de uma mulher na internet. Até a perda da própria essência é um fator determinante.

Uma rede de apoio é indispensável, criando um espaço onde a mulher se sinta segura para compartilhar sua experiência, sem ser julgada e onde incentivem a busca de ajuda profissional. O apoio adequado é a base.

Falar sobre violência de gênero nunca é fácil, mas se não o fizermos, então como poderemos aprender a combater esse mal? Um mal que levou mulheres a viver os finais mais injustos e trágicos, a experimentar infernos e ter medo, é hora de mudar as estatísticas, que atualmente apresentam números preocupantes. O primeiro passo é reconhecer e levantar a voz, porque, mesmo que não pareça, há uma saída e uma luz no final do túnel.

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Fatores que inibem uma denúncia

Além da vergonha, que foi mencionada por quase metade das entrevistadas, o estudo descobriu que há outros fatores pelos quais as mulheres decidem não denunciar, entre eles 7 em cada 10 mulheres, não o fazem por ter pessoas sob sua responsabilidade, fato que também desencadeia ameaças, sendo 41% delas as que temem as consequências que poderiam surgir ao levantar a voz, com medo de que sua casa, entes queridos e até pertences sejam prejudicados de alguma forma.

Também a dependência econômica e o vínculo que existe entre o ‘agressor’ e a ‘vítima’ e o medo de não serem acreditadas, no caso das mulheres que são mães, o medo de não ter uma pensão alimentícia para seus filhos e até a manipulação.

Parece simples quando se lê, mas na verdade é um processo que leva mais tempo e requer apoio e sensibilização não apenas da comunidade em que se vive, mas também das autoridades competentes, pois, 52% das entrevistadas que denunciaram consideraram que o tratamento recebido não foi adequado e um terço delas ainda não sabe para onde recorrer. Por isso, através de seus folhetos, a Avon destaca o apoio oferecido pela Rede Nacional de Abrigos e pelo 911.

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