
Após os novos depoimentos dos ex-comandantes da Aeronáutica e do Exército, o tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior e o general Marco Antônio Freire Gomes, a Polícia Federal definiu o principal alvo para as investigações sobre a trama golpista, e não é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sim o general e candidato à chapa da reeleição, Walter Braga Netto.
Os investigadores concentram-se na atuação de Braga Netto, considerando que Bolsonaro teve sua participação já esclarecida no caso. Indícios apontam que então candidato a vice-presidente teve um papel decisivo na coordenação, mobilização e captação de recursos para os ataques que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Embora o inquérito que apura a trama golpista não esclareça completamente o roteiro dos atos golpistas, diversos elementos coletados serão enviados para outro inquérito, o das milícias digitais, liderado pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). Este segundo inquérito busca identificar os responsáveis pelos eventos de 8 de janeiro.

Entre os elementos-chave está uma troca de mensagens datada de 27 de dezembro de 2022, na qual Braga Netto é questionado sobre o envio de currículos para o governo. Sua resposta sugere que os envolvidos estavam determinados a impedir a posse do governo legitimamente eleito, indicando a continuidade dos esforços para um golpe de Estado.
Além disso, a PF observa que Braga Netto também coordenava ataques nas redes sociais contra militares que se recusavam a aderir à tentativa de golpe, evidenciando seu acesso e controle sobre as milícias digitais que atuaram na mobilização para o evento de 8 de janeiro.
Segundo o jornal O Globo, outros indícios relevantes, ainda não divulgados oficialmente, estão sendo investigados, incluindo dados encontrados no computador de Braga Netto apreendido na sede do PL. Os investigadores esperam que essas evidências forneçam mais informações sobre o papel do general na trama golpista até a conclusão do inquérito.