Mercado de trabalho nos EUA virou e a economia está em acomodação, diz Megale

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Essa semana é de reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) para decidir sobre os juros nos Estados Unidos. As expectativas são de manutenção da taxa.

Caio Megale, economista-chefe da XP, comandou nesta segunda-feira (10) o Morning Call da XP e lembrou que após a reunião do Fomc na quarta-feira (12), sai também as projeções de cada dirigente do Federal Reserve (Fed) sobre inflação, atividade econômica, taxa de juros, entre outros itens.

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Projeções de membros do Fomc

Essas estimativas dos dirigentes da autoridade monetária americana são divulgadas a cada três messes e o economista lembrou que nas projeções de março, a maioria dos membros do Fed indicava três cortes de juros em 2024.

“O mercado espera agora que eles apontem dois cortes. Essa postura mais conservadora tem a ver com os dados do mercado de trabalho e a atividade que continuam bastante fortes”, destacou.

Megale explicou que os dados do mercado de trabalho nos EUA, o payroll, de maio, divulgados na sexta (7), mostrou quase 80 mil postos a mais do que se esperava.

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“Os salários também vieram um pouco acima do esperado. Mostra um ritmo forte em torno de 4% de crescimento”, ressaltou. “Isso significa que a demanda interna vai continuar aquecida. Com o consumo aquecido, as pressões de inflação, portanto, vão continuar por lá”, acrescentou.

No detalhe

“Esse relatório sozinho deixaria o Fed bem preocupado. Mas tem alguns detalhes nesse relatório e em outros dados de mercado de trabalho que amenizam essa situação”, afirmou.

O economista aponta que o relatório Jolts, que é também um termômetro sobre o mercado de trabalho americano e teve seus últimos dados divulgados na quarta-feira (5), apresentou número de vagas abertas menores do que o esperado e menos procura por emprego.

Ele acrescenta ainda que as sondagens feitas com empresas e divulgadas na semana passada, também indicam menos demanda por trabalho.

“O mercado de trabalho está aquecido, o Fed tem que ser conservador, mas ele já virou. Aquela tendência de economia forte virou e a gente está vendo devagarzinho o mercado se acomodar”, disse no programa.

Fed ainda conservador

“Isso significa que não dá para cortar juros no curto prazo. Não acho que o Fed vai sinalizar que esteja prestes a cortar os juros. Vai continuar dizendo que os juros têm que ficar alto por um bom tempo. Mas a safra de dados é consistente com a queda da taxa lá no final do ano”, afirmou. A projeção da XP é que o Fed comece a cortar os juros somente a partir de dezembro.

Caio Megale lembrou que, no mesmo dia da reunião do Fomc, sai pela manhã o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio, nos Estados Unidos. “É um ingrediente superimportante para a decisão (dos juros nos EUA)”, disse.

IPCA comportado

Enquanto isso, no Brasil, o IPCA de maio, que vai ser divulgado nesta terça-feira (11), a XP espera crescimento de 0,41% em relação ao mês anterior.

“A inflação tem vindo baixa, bem-comportada. Se vier comportada, ajuda por menos urgência (de decisões pelo BC)”, comentou. “Mas quando pensamos no cenário prospectivo da inflação, a gente tem que olhar a inflação de custos, a commodities voltando a subir, o mercado de trabalho que está superaquecido e a demanda interna se intensificando”, complementou.

Para a Megale, a inflação no Brasil está “super bem controlada”, mas ela segue mais perto de 4% do que 3%, que é a meta do Banco Central. “E tem um risco de aceleração para frente”, ressaltou.

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