Macron parece ter construído uma armadilha para si mesmo, diz cientista político

A decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de dissolver o Legislativo e convocar novas eleições após os ganhos da ultradireita nas eleições para o Parlamento Europeu no domingo (9) gerou questionamentos e especulações sobre a estratégia do chefe do Executivo.

De acordo com a imprensa francesa, membros do próprio governo souberam da medida com pouca antecedência e se opuseram a ela. Enquanto isso, o partido de Marine Le Pen, cujo bom resultado eleitoral precipitou a dissolução da Assembleia Nacional, celebrou o anúncio e espera ganhar força na votação, que ocorrerá em primeiro turno no dia 30 de junho e em segundo turno no dia 7 de julho.

Ouvido pela Folha de S.Paulo, o doutor em teoria política Thomás de Barros, formado na Sciences Po, em Paris, fez uma análise da movimentação de Macron. Leia trechos:

“É muito improvável que Macron consiga uma maioria parlamentar em 7 de julho” diz Barros. “Depois de reformas como a da previdência, ele é um presidente impopular. E é certo que a extrema direita vai crescer. Mas ele fez algumas apostas com esse anúncio”.(…)

“Há quem diga que o objetivo de Macron seria deixar a extrema direita ganhar, se desgastar e fortalecer um eventual sucessor em 2027 [ano em que termina o mandato de Macron, que não pode concorrer à reeleição outra vez]”, diz o estudioso. “Acho isso improvável. Além de ser uma irresponsabilidade, não há certeza que um eventual governo de extrema direita seja impopular.” (…)

“É um cenário de muita incerteza, e Macron parece ter construído uma armadilha para si mesmo. As eleições em junho e julho devem ser mais um momento em que a extrema direita mostra sua força na Europa —e uma França com a extrema direita crescente significa uma União Europeia fragilizada. A ideia de que a extrema direita está se aproximando do governo em um país tão central [para a UE] é bastante grave.”

Relembre o anúncio de Macron, feito logo após o resultado das urnas apontarem o crescimento da extrema-direita no parlamento europeu:

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.