PF avalia a anulação da delação de Cid após áudio com críticas a Moraes

Tenente-coronel Mauro Cid. Foto: Divulgação

Integrantes da Polícia Federal afirmam que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), corre o risco de ser anulada, dependendo da investigação sobre áudios em que ele critica tanto a corporação quanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os áudios, revelados pela revista Veja e atribuídos a Cid, sugerem que o militar era pressionado a corroborar versões já estabelecidas pela PF. Caso as declarações se confirmem, a colaboração premiada pode ser invalidada, afirmam os investigadores.

A gravação, datada da semana passada após um depoimento de nove horas à PF, mostra Cid alegando que os policiais tentavam forçá-lo a confirmar a versão deles, insinuando que ele poderia perder os benefícios da delação premiada conforme o que dissesse.

“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, disse o ex-ajudante de Bolsonaro, segundo a reportagem da Veja.

Ministro Alexandre de Moraes. Foto: Divulgação

Além disso, Cid teria feito críticas severas a Alexandre de Moraes, relatando um encontro entre o magistrado e Jair Bolsonaro. Ele sugere que Moraes já teria uma sentença pronta e aguarda o momento oportuno para conseguir prendê-los.

“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirma Cid.

Essas revelações surgem após a PF indiciar Mauro Cid, Bolsonaro, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas em um caso de falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

“O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo”. conclui Mauro Cid.

Cid, que passou quatro meses na prisão em 2023 antes de firmar o acordo de colaboração, está sujeito a medidas cautelares determinadas por Moraes, como a proibição de assumir cargos no Exército e o uso de tornozeleira eletrônica.

O ex-ajudante de ordens já forneceu informações em depoimentos sobre as reuniões de Bolsonaro com aliados e militares no final de 2022.

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